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Depois de chegar a Varsóvia a pé e de carro fugindo da guerra na Ucrânia, Khrystyna Trach, de 22 anos, não conseguiu encontrar uma maneira de ir até a Espanha, onde mora sua irmã.
Então soube que um grupo de taxistas de Madri havia chegado à Polônia para entregar ajuda essencial e estava retornando à Espanha na segunda-feira (14) com 134 ucranianos de um centro de refugiados na capital polonesa.
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“Eles são nossos heróis”, declarou Trach logo após o comboio de 29 táxis chegar a uma igreja no centro de Madri na quinta-feira (17), sob aplausos.
A maioria dos refugiados são mulheres e crianças que, como Trach, têm amigos ou familiares na Espanha. O grupo também incluiu quatro cães e um gato. Em breve, terão um status de proteção que permitirá obter autorizações de residência e de trabalho.
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“Vou procurar trabalho para ter dinheiro e ajudar meu país e minha família”, explicou Trach, uma órfã que deixou os avós em Kiev, onde trabalhava como atendente de telemarketing.
Motoristas se revezaram
O comboio, com dois motoristas por veículo que se revezavam no volante, partiu de Madri para a Polônia na sexta-feira para percorrer os 6 mil km de ida e volta. Entre os taxistas havia também imigrantes romenos e equatorianos.
Vários motoristas e passageiros se despediram entre abraços e lágrimas depois que percorreram juntos a Europa. Entre eles, Olha Shokarieva, uma mulher que seguiu para a Espanha com o filho mais novo, deixando na Ucrânia outro filho e o marido. Eles ficaram “lutando por nossas vidas, pela independência de nosso país”, relatou durante a viagem.
A ideia do comboio surgiu durante uma conversa sobre a guerra que vários taxistas tiveram enquanto esperavam clientes no aeroporto de Madri. Quando um motorista sugeriu ir à Polônia para trazer refugiados ucranianos para a Espanha, vários outros aderiram ao projeto, disse José Miguel Fúnez, porta-voz da Federação de Táxis Profissionais de Madri, que coordenou a operação.
Javier Hernandez, que transportou um casal com o filho de 12 anos, disse que “não podia ficar parado, de braços cruzados, após ter visto as imagens de mulheres e crianças fugindo da guerra”. O motorista relativiza a sua ação e diz que fez “apenas o que faz o tempo todo em Madri: dirigir”.
Os organizadores calculam que a operação custou cerca de 50 mil euros (R$ 276 mil), principalmente em combustível e pedágios, pagos por doações, principalmente de taxistas. A embaixada ucraniana em Madri ajudou a selecionar os refugiados para o comboio.
Tradição de solidariedade
Essa não é a primeira vez que taxistas espanhóis se organizam em ações solidárias. Após os ataques terroristas em Madri na estação ferroviária de Atocha, em 2004, eles se mobilizaram para levar para os hospitais as vítimas desse atentado que deixou 191 mortos.
Em 2020, no auge da pandemia de 2020, eles também transportaram os médicos que atendiam a domicílio, ou carregaram doentes para os hospitais.
Mais de três milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde que a Rússia invadiu o país em 24 de fevereiro, e a Polônia acolheu a maioria delas, segundo dados das Nações Unidas.
Fonte: Yahoo!