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A SpaceX, do bilionário Elon Musk, adiou pela segunda vez nesta quarta-feira (28) o o lançamento do foguete que será usado na primeira caminhada espacial da história em uma missão privada. A decolagem aconteceria no Kennedy Space Center, base da Nasa na Flórida, Estados Unidos.
De acordo com um comunicado publicado pela SpaceX no X (antigo Twitter), o adiamento aconteceu por causa das “previsões meteorológicas desfavoráveis nas áreas de aterrissagem ao largo da costa da Flórida”.
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“As equipes continuarão monitorando as condições meteorológicas para determinar janelas de lançamento e retorno favoráveis”, informou a empresa.
Batizada de Polaris Dawn, a missão poderá atingir outro feito quando for lançada: alcançar 1.400 km de altitude, o que será o ponto mais distante da Terra alcançado por humanos desde o programa Apollo, encerrado em 1972. A Estação Espacial Internacional (ISS), por exemplo, fica a 420 km da Terra.
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A empresa prevê um voo de cinco dias com quatro civis (saiba mais abaixo sobre os passageiros). No terceiro dia, dois passageiros da Polaris Dawn poderão deixar a nave e flutuar no espaço por alguns instantes, a 700 km da Terra.
Inicialmente, a decolagem estava prevista para terça-feira (27), mas ela foi adiada após a SpaceX identificar um vazamento de hélio na plataforma de lançamento.
“Nada é mais importante do que a segurança dos nossos astronautas e a confiabilidade dos nossos veículos e operação”, afirmou o vice-presidente de lançamentos da SpaceX, Kiko Dontchev.
Esta é a primeira missão do programa Polaris, organizado pelo bilionário Jared Isaacman, um dos passageiros deste voo. Outros dois voos dentro dessa iniciativa são previstos pela SpaceX, incluindo um com a Starship, a maior nave espacial do mundo.
Como será a caminhada espacial?
Flutuar no espaço exigirá uma preparação nas 45 horas anteriores, segundo a agência de notícias Reuters.
Os tripulantes passarão por um processo de “pré-respiração”, voltado para preencher a cabine da nave apenas com oxigênio. A ideia é evitar a presença de nitrogênio, que, se estiver na corrente sanguínea, pode bloquear o fluxo de sangue nos passageiros.
Antes da saída, a Crew Dragon é despressurizada e exposta ao vácuo do espaço. A caminhada espacial também exige trajes específicos, que foram desenvolvidos pela SpaceX para esta missão.
O uniforme batizado de traje para atividade extraveicular (EVA, na sigla em inglês) foi fabricado com materiais dos foguetes da empresa, um visor e uma câmera de última geração no capacete, além de tecidos térmicos e um design que promete dar mais mobilidade aos astronautas.
Representantes da SpaceX e os passageiros da Polaris Dawn dizem que planejaram vários cenários de contingência caso algo dê errado na missão, como vazamento de oxigênio ou falha para vedar novamente o domo da Crew Dragon.
Quem são os passageiros?
- Jared Isaacman (comandante), presidente-executivo do serviço de pagamentos americano Shift4. Em 2021, ele bancou e participou da missão Inspiration4, também da SpaceX, em que tripulantes civis ficaram na órbita da Terra durante três dias, sem a presença de astronautas profissionais, sum feito histórico no turismo espacial.
- Scott Poteet (piloto), tenente-coronel aposentado da Força Aérea americana.
- Sarah Gillis (especialista de missão), engenheira de operações espaciais da SpaceX, responsável pelo programa de treinamento da empresa para astronautas.
- Anna Menon (especialista de missão e médica), engenheira de operações espaciais da SpaceX e responsável por gerenciamento de missões.
Isaacman tem uma fortuna de quase US$ 2 bilhões (R$ 11 bilhões). Ele é o único da tripulação com experiência em voos espaciais – em 2021, ele financiou a Inspiration4, primeira missão espacial totalmente civil a orbitar a Terra.
O empresário também está financiando o programa Polaris e, apesar dele ter se recusado a dizer quanto gastou, estima-se que o valor tenha chegado a US$ 100 milhões (R$ 550 milhões), segundo a Reuters.
Os passageiros se prepararam durante dois anos para a missão, período em que treinaram paraquedismo, pilotagem de aeronaves, voo em gravidade zero, entre outras técnicas.
Qual o objetivo da missão?
Além do turismo espacial, a missão servirá para realizar 36 experimentos científicos. Um deles, com a Universidade do Colorado em Boulder, nos EUA, usará lentes de contato inteligentes para medir como uma altitude tão significativa altera o organismo, em especial a pressão intraocular.
O objetivo é pesquisar a chamada Síndrome Neuro-ocular Associada a Viagem Espacial (SANS, na sigla em inglês). A presença prolongada no espaço faz fluidos do corpo se deslocam para a cabeça, exercendo pressão sobre os olhos. A SANS pode alterar a capacidade de foco, em alguns casos de forma permanente.
Fonte: G1