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“Foi o atendimento mais difícil que já fiz”, diz Sérgio Alves, atendente do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Jaborá, no Oeste catarinense, há seis anos. Ele socorreu o filho após ele ter caído em um barranco de moto e ter ficado cerca de oito horas sobre pedras sem conseguir se movimentar. Cristian Dezavento Alves, de 19 anos, recebeu alta e foi para casa na tarde de terça-feira (22).
A equipe do Samu foi acionada na manhã de sexta-feira (18) por volta da 7h após um motociclista se perder em uma curva na estrada que liga Jaborá a Ouro e cair em um barranco cheio de pedras. O trecho da rodovia está em obras. “Quando fomos acionados falei para a minha colega: ‘Se prepara que é feio. Conheço ali e é uma pedreira”.
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“Lá na hora é que eu vi que era o meu filho. Eu estava de plantão desde a noite anterior e não sabia que ele tinha saído. Ele fraturou duas vértebras, teve traumatismo craniano, tava inconsciente e gelado. Se tivesse mais frio, ele poderia ter morrido de hipotermia”, relembra o socorrista de 48 anos.
Cristian se acidentou por volta das 23h de quinta-feira quando voltava para casa após ter dado carona a um amigo. Ninguém viu o acidente. Tanto a moto como o motociclista cairam no barranco – com isso, motoristas que passaram pelo local não perceberam que alguém havia se acidentado. Após ter ficado caído nas pedras, o jovem tentou deixar o local para procurar ajuda, mas não conseguiu por causa dos ferimentos.
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Na manhã seguinte, uma mulher que mora próximo ao local estava levando vacas para ordenhar e estranhou que os animais não quisessem passar pelo caminho de costume. Então observou uma moto caída nas pedras e um homem mais embaixo. Ela chamou o filho, que foi quem acionou o Samu. “Esses vizinhos disseram que, por volta das 23h, ouviram um barulho muito alto, deve ter sido a moto no barranco”, acredita Sérgio.
“Eu já atendi bastante acidente difícil, em que a vítima morreu, mas dessa vez foi a pior e vai ser a pior porque só tenho ele de filho”, diz Sérgio.
Somente na noite seguinte ao acidente, Cristian soube que havia sido resgatado pelo pai. “Não lembro de quase nada do que aconteceu. No hospital que ele me contou. Foi uma situação nova para mim, fiquei feliz”, diz Cristian, ainda debilitado.
“Ele está meio esquecido, por causa do traumatismo craniano, pequeno, mas teve. Um colete foi colocado por causa das vértebras, que quebraram, mas ficaram no lugar. A possibilidade de cirurgia não foi descartada, mas vamos ver como vai ser a recuperação nos próximos meses”, diz o pai. “Eu entendo que só Deus para ter salvado ele, porque onde caiu é uma pedreira. Não vou esquecer isso nunca mais”.
Fonte: G1