15 de janeiro, 2025

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Sobreviventes de acidente causado por trem cargueiro de Botucatu se reencontram após 53 anos

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A estação ferroviária de Sorocaba foi palco de milhares de despedidas e reencontros enquanto por ela passaram os trens de passageiros, entre 1875 e 2001.

Um dos abraços mais marcantes, no entanto, aconteceu em tempos de apitos silenciados. Foi na sexta-feira, 29 de dezembro de 2017, entre duas sobreviventes do acidente ferroviário do Natal de 1964.

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Nesse mesmo local, 53 anos antes, o trem cargueiro C-48, procedente de Botucatu, colidiu contra a cauda do BG-2, parado na estação.

Abraço de agradecimento aconteceu mais de 50 anos depois do acidente que as uniu

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As vidas de Maristela Ferreira Amaro, hoje com 53 anos, e Gláucia Ferreira Vendramini, hoje com 71, foram interligadas pelo pior acidente ferroviário em perímetro urbano de Sorocaba quando suas respectivas famílias aguardavam um trem de passageiros da Estrada de Ferro Sorocabana com destino a Bauru. Maristela, então um bebê de sete meses, estava nos braços da mãe, e Gláucia, na época com 18 anos de idade, estava ao lado do pai, quando o cargueiro, em velocidade, chegou pela via errada.

“Mal chegamos e o chefe da estação (Romeu de Mello, o Passarinho, que morreu no acidente) começou a gritar. O outro trem veio rapidamente, acionando os freios, soltando fogo das rodas, mas não parou a tempo”, recorda-se Gláucia, que ainda vive em Sorocaba, no Jardim Emília. Ocorrido o choque, em meio a gritos e a muita correria, e no escuro, Gláucia conseguiu socorrer o pai, preso a escombros e tábuas.

A seu lado estava Luiza Herculiani Ferreira, a mãe de Maristela. Com os tornozelos quebrados, sem pensar duas vezes, Luiza passou a criança aos braços de Gláucia para que procurasse socorro. A solidariedade falou alto naquele momento.

“Numa hora dessas a gente não pensa em muita coisa. Meu pai fez cirurgia naquela noite mesmo e a Maristela ficou comigo, até a chegada de parentes, no dia seguinte. Depois, nunca mais tive notícias. Uma não sabia da outra. Nunca imaginei que pudéssemos nos reencontrar”, confessou. Isso até a semana retrasada, quando foi avisada pelo marido, Écio Vendramini, de 72 anos, assinante do Cruzeiro do Sul, de que poderia ser a mulher procurada pela garotinha a quem salvou. Agraciada com um buquê de flores e um livro de recordações, Gláucia recebeu também muitos agradecimentos. “Minha gratidão a Deus e a ela por seu gesto.Eu poderia ter ficado ali e ter morrido. Não teria meus filhos. Estou muito feliz e tenho certeza que agora poderemos manter contato”, disse Maristela, emocionada.

Sua mãe, Luiza, que hoje tem 78 anos, também comemorou: “Encontrar você foi muito importante na minha vida. Muito obrigada. Que Deus abençoe a você por aquele momento e proteja a sua família.” Reencontro foi acompanhado pelas duas famílias. Maristela e a mãe vieram de Bauru

Em verso – O acontecimento virou até inspiração para uma música, escrita pelo primo de Maristela, Gerson Amaro: “O Anjo da Sorocabana”. “Na passagem de minha vida / Hoje existe esta quimera / De encontrar este anjo / Um milagre, quem me dera / Se você tiver ouvindo / Esta moda de viola / Saiba que te procuramos / E essa moda nos consola.” Como um presente de Natal que chega após ser muito desejado, a procura finalmente acabou.

Fonte: Cruzeiro do Sul

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