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Autoridades iraquianas e especialistas em preservação estão em alerta diante do avanço da crise climática sobre os sítios arqueológicos do sul do Iraque, região considerada o berço da civilização. O aumento da aridez e da salinidade do solo está acelerando a degradação de ruínas históricas em cidades milenares como Ur, tida como a terra natal do patriarca bíblico Abraão, e Babilônia, capital de antigos impérios mesopotâmicos.
Em Ur, a combinação de ventos fortes e dunas de areia está desgastando a face norte da Zigurate de Ur, templo dedicado há mais de quatro mil anos ao deus lunar Nanna. Segundo o arqueólogo Abdullah Nasrallah, da província de Dhi Qar contou a Reuters, a erosão já atingiu a segunda camada da estrutura, enquanto a terceira havia sido danificada anteriormente pelas mudanças climáticas. O local, tombado pela Unesco como Patrimônio Mundial, é um dos exemplos mais bem preservados da arquitetura mesopotâmica.
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O aumento da salinidade também ameaça o Cemitério Real de Ur, escavado na década de 1920 pelo arqueólogo britânico Sir Leonard Woolley. Depósitos de sal estão corroendo os tijolos de barro que sustentam as construções, colocando em risco a estabilidade das tumbas. “Esses depósitos surgiram devido ao aquecimento global e à mudança climática — o que levou à destruição de partes importantes do cemitério”, alertou o inspetor Kazem Hassoun.
Mais ao norte, em Babilônia, os mesmos problemas afetam os vestígios de templos e palácios erguidos com argila há milênios. As altas concentrações de sal corroem os materiais originais e agravam os danos causados por restaurações inadequadas realizadas no século passado. O diretor do Ministério da Cultura e Turismo do Iraque, Montaser al-Hasnawi, reconhece que a falta de recursos financeiros e o aumento da salinidade tornam urgente a reavaliação dos métodos de preservação.
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Depois de décadas de guerras, invasões e saques, o Iraque enfrenta agora um inimigo silencioso: o clima extremo. O país sofre com secas severas, aumento das temperaturas e queda no volume dos rios Tigre e Eufrates — fatores que ameaçam não apenas sua agricultura, mas também as marcas mais antigas da história humana. “O aumento da salinidade, tanto na superfície quanto nas águas subterrâneas, pode levar à destruição de muitas cidades que ainda estão soterradas”, alertou Hasnawi.

Fonte: Um Só Planeta
 
				 
													 
								 
								 
								 
				