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A fila de ambulantes que se formava ainda às 5h da manhã em frente a um pequeno prédio na Rua do Senado, no Centro do Rio, por hora não ocorrerá mais. As medidas de isolamento social adotadas na pandemia obrigaram a tradicional fábrica de biscoitos globo a fechar as portas por tempo indeterminado.
“Nosso carro-chefe é o biscoito vendido nas embalagens de papel, revendido nas ruas e nas praias. Como ninguém sai de casa e a praia está proibida, não temos para onde correr”, justifica Marcelo Ponce, um dos donos do negócio.
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Nesta época do ano, a fábrica costuma vender de 5 a 7 mil saquinhos por dia, quantidade que dobra durante a alta temporada, no verão. “Essa crise acabou com a gente”, diz.
No momento não há, em nenhum lugar da cidade, sacos de biscoito globo em papel disponíveis para a compra. A embalagem plástica, no entanto, ainda pode ser encontrada nos grandes revendedores.
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Marcelo explica que alguns pedidos sob demanda ainda estão sendo atendidos. “Coloco duas ou três pessoas para produzir, mas somente alguns pedidos específicos, que valham a pena. É muito triste isso”.
Por conta da decisão, mais de 40 mil saquinhos de papel serão reciclados porque já tinham a data de validade impressa.
Os biscoitos globo são de grande importância, inclusive cultural, para a cidade do Rio de Janeiro. Em reportagem publicada em 2017 no The New York Times, o jornalista David Segal detonou o biscoito. “Coloque um em sua boca e será como se seus dentes estivessem em uma festa para a qual sua língua não foi convidada”, disse o repórter.
Mas os cariocas e representantes da culinária ficaram furiosos com a declaração. A chef Roberta Sudbrack disse “Não se mexe com ícones culturais de um povo! Ainda mais os gastronômicos! Tudo é subjetivo! Mas, de Biscoito Globo o nosso afetivo entende! Biscoito Globo We Love It!”, na época.
O escritor Marcelo Rubens Paiva falou em suas redes sociais que chamar o biscoito de sem graça é “como chamar Gisele Bündchen de baranga”.
Fonte: Jornal de Brasilia