03 de março, 2025

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Sementes brasileiras são enviadas ao maior banco de vegetais do mundo

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Sementes de cultivares tradicionais do Brasil chegam nesta terça-feira (25/02) ao Banco Global de Sementes de Svalbard, na Noruega, também conhecido como o “Cofre do Juízo Final”. O envio foi realizado pela Associação dos Guardiões de Ibarama (RS) e contou com envio de sementes de 59 variedades cultivadas na região. Entre as sementes enviadas estão variedades de milho, feijão-comum, trigo, couve, salsa, alface, tomate, ervilha, coentro, feijão-fava, melancia, amendoim, arroz, abóbora, radiche, gergelim, amaranto, linhaça, girassol e quiabo.

Sementes de cultivares tradicionais do Brasil foram enviadas para preservação (Foto: Letícia Cremonese/Divulgação)

Para o presidente da Associação dos Guardiões de Ibarama, Mário Raminelli, esse momento representa um reconhecimento ao trabalho de anos das famílias agricultoras. “Ter as sementes da região guardadas em uma casa-forte de sementes, tanto na Embrapa, em Brasília, quanto na Noruega, é um reconhecimento pelo nosso esforço. As famílias de guardiões vêm mantendo esse patrimônio há gerações, e agora sabemos que ele estará preservado para o futuro”, afirmou.

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A pesquisadora Aluana Gonçalves de Abreu, supervisora da Curadoria de Germoplasma Vegetal da Embrapa, explica que, embora já tenham sido enviadas outras variedades tradicionais para Svalbard, essa é a primeira vez que uma associação de agricultores multiplica suas sementes exclusivamente para a conservação de cópias de segurança no Brasil e na Noruega.

Guardiões das sementes crioulas de Ibarama (RS) (Foto: Renilde Ramielli/Divulgação)

A produção e seleção das sementes contaram com o apoio da Embrapa Clima Temperado, da Universidade Federal de Santa Maria e da Emater-RS. Esse trabalho integrou um acordo de cooperação técnica para conectar a conservação das variedades nos locais de origem (in situ/on farm) com a conservação em coleções (ex situ).

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Antes do envio, todas as amostras passaram por testes de germinação realizados na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, garantindo que apenas sementes de alta qualidade fossem armazenadas.

Segundo a pesquisadora Rosa Lía Barbieri, a parceria entre a Embrapa Clima Temperado e a Associação dos Guardiões de Ibarama começou há 15 anos, durante um projeto voltado à identificação e ao fortalecimento dos guardiões de variedades tradicionais no Rio Grande do Sul. “O trabalho desses agricultores é fundamental para a conservação da agrobiodiversidade, garantindo a preservação de variedades em risco de extinção e mantendo a diversidade genética dos cultivos, o que é essencial para a adaptação às mudanças climáticas”, destaca.

Além das 59 variedades dos guardiões de Ibarama, foram depositadas 2.944 amostras de arroz, feijão-comum, milho, pinus e trevo das coleções da Embrapa. O envio foi viabilizado pelo projeto internacional Biodiversidade para Oportunidades, Meios de Vida e Desenvolvimento (BOLD), da Crop Trust, organização dedicada à conservação e disponibilização da diversidade agrícola global.

“O projeto BOLD financiou as atividades de multiplicação de amostras de arroz, feijão-comum e milho da Embrapa, além de cobrir os custos do envio para a Noruega”, explica o pesquisador Juliano Pádua, supervisor do Banco Genético da Embrapa.

Todas as amostras enviadas para Svalbard também foram depositadas na Coleção de Base (Colbase) do Banco Genético da Embrapa, onde são mantidas a -18°C, sob as mesmas condições do banco mundial de sementes. O envio é resultado do esforço conjunto das Embrapas Arroz e Feijão, Milho e Sorgo, Clima Temperado, Florestas e Recursos Genéticos e Biotecnologia, além da área de importação e exportação da empresa estatal.

Svalbard Global Seed Vault, na Noruega (Foto: Reprodução)

Sobre o Banco Global de Sementes de Svalbard

Localizado no arquipélago de Svalbard, na Noruega, a cerca de 1.300 km do Polo Norte, o Banco Global de Sementes foi inaugurado em 2008 como uma iniciativa internacional para preservar a diversidade genética de cultivos agrícolas. O apelido de “cofre do juízo final” evoca a imagem de uma reserva de sementes para uso em caso de um evento apocalíptico. Mas é para proteger a agricultura de destruições e ameaças mais localizadas que o local foi concebido.

O banco funciona como um cofre de segurança para coleções de sementes do mundo todo, armazenando duplicatas de variedades essenciais para a alimentação e a agricultura, protegendo-as contra catástrofes como guerras, mudança climática e desastres naturais.

As sementes são mantidas em câmaras subterrâneas dentro de uma montanha, a mais de 100 metros de profundidade, sob temperatura controlada de -18°C. Atualmente, o local abriga mais de 1,3 milhão de amostras de sementes, representando 6.297 espécies de plantas.

O Brasil estabeleceu sua cooperação com o Banco Global de Sementes de Svalbard em 2008, com a primeira remessa de sementes enviada em 2012. Desde então, a Embrapa já realizou cinco depósitos, somando mais de 8 mil amostras de espécies essenciais para a agricultura e alimentação.

Sobre o Banco Genético da Embrapa

Localizado em Brasília, o Banco Genético da Embrapa é uma das maiores infraestruturas mundiais dedicadas à conservação de recursos genéticos importantes para a agricultura e a alimentação. Com capacidade para armazenar até 750 mil amostras de sementes a uma temperatura de -18ºC, ele desempenha um papel essencial na conservação da biodiversidade agrícola do Brasil.

Além das sementes, o banco mantém uma coleção in vitro, e tem capacidade para até 10 mil amostras de tecidos vegetais, garantindo a conservação de espécies que não podem ser mantidas por meio de sementes e de variedades clonais, como mandioca, batata, banana, uva e cana-de-açúcar

Outra frente de atuação do banco é a criopreservação, onde mais de 200 mil amostras de material genético vegetal, animal e microbiano são armazenadas em temperaturas extremamente baixas, chegando a -196°C. Esse processo assegura a viabilidade dos recursos genéticos por tempo indeterminado.

O Banco Genético funciona como um repositório central, que mantém cópias de segurança das diversas coleções de sementes e outros materiais genéticos conservados pelas Unidades da Embrapa em todo o Brasil. Isso garante que, em caso de perdas locais, os materiais possam ser recuperados e utilizados para pesquisa.

Fonte: Um Só Planeta

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