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Pescadores profissionais da região de Botucatu, Piracicaba e São Pedro estão sem receber o salário mínimo pago pelo governo durante a piracema, período em que a pesca é proibida. Dependentes da atividade, eles se veem em dificuldades e alguns até recorrem bicos e dinheiro de parentes para conseguir sustentar a casa.
O Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) informou que o problema ocorreu por causa da automatização dos cadastros e que espera que o pagamento seja feito até fevereiro.
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A piracema dura quatro meses e é o período em que os peixes se reproduzem. Para os pescadores profissionais, o Governo Federal precisa pagar um salário mínimo mensal no período.
O depósito deve ocorrer em quatro parcelas – no primeiro dia de dezembro, janeiro, fevereiro e março, mês em que a atividade volta a ser liberada. Até agora, duas parcelas deveriam ter sido depositadas, a de dezembro e janeiro, mas nenhuma caiu.
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“O pessoal está passando um perrengue danado para sobreviver. O único sustento que eles teriam seriam essas parcelas”, diz o presidente de uma colônia de 157 pescadores que atuam em oito cidades, entre elas Piracicaba, São Pedro e Botucatu, Antonio Marcos da Silva.
O presidente afirma que todo ano vai à superintendência do INSS em São Paulo com os documentos dos pescadores. Desta vez, ficou sabendo que o serviço seria automatizado e que as parcelas seria depositadas “sem dor de cabeça”.
“Pediram para gente aguardar que o pagamento iria sair normal, como nos outros anos”. Silva afirma que não são só os pescadores da colônia que ele preside que estão sem o pagamento.
“No estado inteiro, e inclusive do país inteiro. São 600 mil pescadores no Brasil inteiro na mesma situação”, diz.
A situação difícil fez com que os pescadores buscassem fonte de renda alternativa, como bicos para passeio no Rio Piracicaba. A pescadora Gabriele Turibio começou a fazer faxina para conhecidos, já que estava sem dinheiro.
“Tem que se virar, tem que fazer alguma coisa para poder sobreviver”, lamenta Gabriele.
Sem salário, sem remédio
Em 15 anos como pescadora, Maria de Fatima Loiola nunca esteve em situação tão precária. Ela atuava com o marido, mas ele teve que deixar de trabalhar por um problema de saúde.
Além disso, o homem precisa de medicamentos que não foram comprados neste mês por falta de dinheiro. Nem alimento Maria de Fátima conseguiu garantir por conta da falta de repasse do salário.
Ela relata que precisou pedir dinheiro para o filho, mas a verba já acabou. “Precisa comprar o remédio dele [marido] também e eu não tenho como”.
O INSS
O instituto informou que houve uma mudança na forma de verificar a documentação dos pescadores, já que o pagamento foi automatizado.
Segundo o INSS, a verba está sendo liberado e a previsão é que o pagamento seja feito até fevereiro.
Fonte: G1