17 de abril, 2025

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Seis meses após incêndios de grande escala, Unesp lidera projeto de restauração ambiental na Cuesta de Botucatu

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Projeto Restaura Cuesta reúne pesquisadores, estudantes e comunidade para reflorestar áreas devastadas, proteger a fauna e prevenir novos desastres ambientais na região


Seis meses depois dos incêndios que devastaram mais de mil hectares na região da Cuesta de Botucatu, pesquisadores da Unesp lideram um amplo esforço de restauração ambiental. Com foco na recuperação de áreas nativas, socorro à fauna silvestre e ações educativas, o projeto Restaura Cuesta surge como resposta científica e comunitária a um dos maiores desastres ambientais já registrados na cidade.

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No final de setembro de 2023, o fogo avançava velozmente pela vegetação nativa da Cuesta de Botucatu, destruindo áreas de pesquisa, matas antigas e habitats de dezenas de espécies. Hoje, seis meses depois do incêndio de grandes proporções que consumiu mais de 1.000 hectares entre as Fazendas Experimentais da Unesp e áreas vizinhas, o cenário é de reconstrução. Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) deram início ao projeto Restaura Cuesta, um programa de recuperação ecológica e de mobilização regional.

A iniciativa partiu da ecóloga Renata Cristina Batista Fonseca, docente da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, que viu de perto o início das chamas durante uma saída de campo. Diante da destruição, Fonseca se uniu a colegas, estudantes e voluntários para criar uma força-tarefa voltada à restauração da vegetação nativa, atendimento à fauna afetada e desenvolvimento de ações preventivas.

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“Essas áreas representam os últimos fragmentos da vegetação natural da cuesta e são fundamentais para o equilíbrio ecológico da região, além de integrarem zonas de recarga do Aquífero Guarani”, afirma Fonseca. A Fazenda Edgárdia, por exemplo, que sofreu danos severos, está inserida em uma Área de Proteção Ambiental (APA) e abriga biodiversidade dos biomas Mata Atlântica e Cerrado.

Segundo os estudos, o incêndio teve origem criminosa, iniciado em um ponto onde havia descarte irregular de entulho. O clima seco e a vegetação ressecada facilitaram a propagação do fogo. Os dados do sistema Alarmes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, revelam que 99% dos incêndios no país têm causa humana.

A partir desse cenário crítico, nasceu o Restaura Cuesta, que atua em cinco frentes: restauração ecológica, monitoramento, ações emergenciais para fauna, educação ambiental e extensão rural. Um dos primeiros passos foi o socorro aos animais sobreviventes, com instalação de comedouros e monitoramento com armadilhas fotográficas. Já na frente de reflorestamento, um mutirão inicial plantou 1.600 mudas em um hectare da área devastada, com previsão de restaurar mais 19 hectares nos próximos meses.

“É um trabalho de longo prazo. Algumas das áreas destruídas eram monitoradas há mais de 40 anos. A estimativa de custo para restaurar um único hectare com manutenção por três anos é de cerca de R$ 50 mil”, explica Diego Sotto Podadera, docente responsável pela frente de reflorestamento.

Além da recuperação ecológica, o projeto também atua no mapeamento de dados históricos sobre biodiversidade local, com apoio de professores ativos e aposentados da Unesp. A ideia é comparar as áreas atingidas com trechos intactos da vegetação e entender como a Mata Atlântica responde a grandes incêndios – algo ainda pouco documentado na ciência brasileira.

A preocupação, no entanto, vai além da ciência. Há um esforço conjunto entre universidade, ONGs, órgãos públicos e moradores para fortalecer os planos municipais de prevenção e combate a incêndios. Isso inclui aquisição de equipamentos, treinamento de brigadas, fiscalização e construção de redes de alerta.

“Esses eventos extremos podem voltar a acontecer. As estiagens estão mais longas e a vegetação, mais vulnerável. Precisamos unir ciência, poder público e sociedade civil para proteger esse patrimônio ambiental”, conclui Fonseca.

Com Informações Jornal da UnespImagem: Registro feito com drone dos incêndios. Crédito: Gilberto Vieira

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