25 de novembro, 2024

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Satélites abandonados formam “constelações” de lixo no espaço; fotos

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Imagine acordar um dia e, ao pegar o celular, perceber que ele está completamente sem sinal e não se trata de uma instabilidade momentânea ou um problema na operadora: todos ao seu redor também estão. Ou então, de uma hora pra outra, todos os aeroportos ao redor do mundo interromperem suas atividades simultaneamente, pois não há mais sinal de GPS no planeta Terra. Por fim, imagine que cada uma das maiores empresas de tecnologia do mundo comecem a declarar o encerramento de suas atividades, uma após a outra, pois não há mais como operar seus sistemas.

Apesar de parecerem parte do roteiro de um filme de ficção científica, cada um destes cenários tem chance de se tornar realidade, e a vilã por trás de todos eles é a mesma: a poluição espacial causada por restos de satélites abandonados. De acordo com um levantamento da empresa de observação espacial Privateer, existem atualmente cerca de 160 milhões de detritos espaciais orbitando o planeta Terra. Um pequeno pedaço de qualquer um deles, viajando a velocidades que atingem até 15 quilômetros por segundo, já é o suficiente para danificar ou destruir completamente os equipamentos ativos que garantem as telecomunicações, a navegação, as operações financeiras e outros serviços essenciais para a população humana.

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Para trazer luz sobre o problema — ainda pouquíssimo discutido — um grupo internacional que reúne cientistas, ativistas, universidades e outros especialistas lançou o projeto Space Trash Signs, que alia tecnologia e criatividade para transformar os detritos espaciais em “constelações” fictícias, cada uma representando um risco de grande impacto no planeta e na humanidade. Elas foram criadas a partir da união de dados de monitoramento e modelos de inteligência artificial, e batizadas de acordo com a forma, origem ou localização de cada conjunto de detritos.

“Constelação” The Broken Compass: risco de perdas de serviço de navegação, como o GPS. (Foto: Reprodução/Space Trash Signs)

No site do projeto, disponível apenas em inglês, é possível explorar cada uma delas em detalhes, a partir de uma ficha técnica contendo o nome da constelação, o número de pessoas que seriam afetadas por ela, a localização e quantidade de detritos que a compõem e o custo total estimado para removê-los, além de uma breve explicação sobre o risco representado por ela. Já ao clicar sobre os componentes da constelação, o site ainda revela a identificação, tamanho aproximado e custo de remoção de cada um dos detritos.

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The Broken Compass (A Bússola Quebrada, em tradução livre), por exemplo, simboliza o risco de perda dos serviços de navegação, como o GPS, um problema que pode impactar até 6,5 bilhões de pessoas— mais de 80% da população mundial. Ela é formada por nove detritos que orbitam os céus de uma área no oceano Atlântico próxima ao famoso Triângulo das Bermudas, cujos destroços podem atingir satélites ativos responsáveis por quase todos os sistemas de geolocalização do planeta, utilizados por aviões, navios e veículos particulares. O custo estimado para remover os detritos seria de mais de R$ 120 milhões de dólares.

Já a maior delas é também uma das mais inusitadas. Rest in Space (Descanse no Espaço) é formada por 25 detritos, mas atinge um pequeno número de pessoas: apenas dez. Essas dez pessoas são justamente todos os astronautas que estão trabalhando em estações espaciais neste exato momento. No entanto, o projeto considera que, com o aumento do turismo espacial, em breve haverão no espaço “grandes grupos de civis não treinados, frente à frente com milhões de ‘balas’ em alta velocidade”, indicando que os destroços podem afetar os seres humanos não apenas na Terra, mas também fora de sua órbita.

Rest in Space: risco para os próprios astronautas e estações espaciais. (Foto: Reprodução/Space Trash Signs)

Conscientização e soluções práticas

De acordo com Alex Schill, diretor de criação da Serviceplan Group, agência responsável pela criação do projeto, o Space Trash Signs foi baseado na ideia de que, desde o início dos tempos, a humanidade se guia pelo céu e pelas estrelas em busca de significados, e essa mesma “visão” pode ser utilizada também para conscientizar o público acerca de um problema pouco falado.

Já segundo o Dr. Moriba Jah, cientista-chefe da Privateer, existem atualmente algumas diretrizes internacionais voltadas à limpeza e prevenção dos detritos espaciais, mas nenhum dos mecanismos sugeridos até hoje, no entanto, possui aplicabilidade real. Ele alerta que, caso não haja uma mudança neste cenário, o espaço poderá, em breve, se tornar inutilizável.

Portanto, além da conscientização do público, outro objetivo do projeto é fomentar a busca por soluções reais e práticas para a poluição espacial junto à cientistas e outros especialistas. Essas sugestões serão reunidas e apresentadas na próxima sessão do Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Exterior (UM COPUOS), que acontece em junho.

Fonte: Um Só Planeta – Foto: NASA Jet Propulsion Laboratory

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