22 de novembro, 2024

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Sapinho da Mata Atlântica com menos de 7 milímetros é o segundo menor vertebrado já descrito no mundo

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Um grupo liderado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descreveu o segundo menor vertebrado do mundo. Um dos exemplares do sapo em miniatura usado no trabalho, um adulto, tem 6,95 milímetros. Antes disso, uma espécie do mesmo gênero havia sido descrita no sul da Bahia com um dos indivíduos tendo 6,45 milímetros.

Nova espécie miniatura na palma da mão do pesquisador (Foto: Lucas Machado Botelho/Projeto Dacnis)

O estudo, apoiado pela FAPESP, foi publicado nesta sexta-feira (25/10) na revista PeerJ

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Os sapos-pulga ou rãs-pulga, como são conhecidas algumas espécies do gênero Brachycephalus, possuem adultos com menos de um centímetro de comprimento. Para ter uma ideia, podem se acomodar sobre a unha de um humano adulto ou sobre uma moeda de 50 centavos.

Sapo-pulga Brachycephalus dacnis pode ter menos de 7 milímetros (Foto: Luís Felipe Toledo/IB-Unicamp)

A nova espécie foi nomeada Brachycephalus dacnis em homenagem ao Projeto Dacnis, que mantém áreas privadas de Mata Atlântica no Estado de São Paulo, incluindo a que o animal foi encontrado, em Ubatuba, no litoral norte.

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“Existem sapos pequenos com todas as características de sapos grandes, apenas menores. Esse gênero é diferente. Ao longo da evolução, ele passou pelo que chamamos de miniaturização. São características como fusões e perdas de ossos, além da falta de dígitos e outras partes da anatomia”, explica Luís Felipe Toledo, professor do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp e coordenador do estudo.

O trabalho integra o projeto “Da história natural à conservação dos anfíbios brasileiros”, apoiado pela FAPESP, e contou ainda com Bolsa de Doutorado para Julia Ernetti, coautora do estudo.

Esta é a sétima espécie de sapinho-pulga descrita dentro do gênero Brachycephalus. Até recentemente, o grupo era mais conhecido por espécies de cores vivas e que possuem veneno, como os sapinhos-pingo-de-ouro (Brachycephalus rotenbergae e B. ephippium) e o sapo-pitanga (B. pitanga). Mas o pequeno tamanho dos sapinhos-pulga está agora chamando a atenção dos pesquisadores.

Sapo-pulga Brachycephalus dacnis em seu ambiente natural — Foto: Lucas Machado Botelho/Projeto Dacnis
Sapo-pulga Brachycephalus dacnis em seu ambiente natural (Foto: Lucas Machado Botelho/Projeto Dacnis)

Curiosamente, ainda que maiores do que os sapos-pulga, os pingo-de-ouro possuem menos estruturas da anatomia, como ausência de partes da orelha interna que os impossibilitam de escutar o próprio canto, por exemplo (leia mais aqui).

Diversidade

O canto da espécie descrita agora foi o que chamou a atenção dos pesquisadores. Sua morfologia é igual à de outra espécie, B. hermogenesi. Ambas possuem pele marrom amarelada, vivem no folhiço da mata, não possuem girinos (saem dos ovos andando) e ocorrem na mesma região. No entanto, o canto é diferente.

Quando sequenciaram o gene normalmente utilizado para diferenciar espécies, os pesquisadores confirmaram se tratar de uma nova entidade. No entanto, ao visitarem Picinguaba, em Ubatuba, onde foram encontrados os sapos que permitiram a descrição de B. hermogenesi, notaram que B. dacnis também ocorre ali.

“É possível que, entre os exemplares que serviram de base para descrever B. hermogenesi em 1998, haja animais da nova espécie”, afirma Toledo. O pesquisador sugere o uso de ferramentas de sequenciamento de DNA histórico, aquele contido em exemplares depositados há muito tempo em coleções zoológicas, a fim de dirimir a dúvida.

Na descrição da nova espécie, além das características anatômicas de praxe, os pesquisadores acrescentaram informações do esqueleto e dos órgãos internos, além de dados moleculares e do canto.

A ideia é que descrições de novas espécies contenham também essas informações para que seja possível diferenciá-las com mais precisão, uma vez que muitas são crípticas, ou seja, não podem ser discriminadas apenas pela anatomia externa.

“A diversidade desses sapos em miniatura pode ser bem maior do que imaginamos. Por isso, é importante ter o maior número de características possíveis para agilizar o processo de descrição e, assim, podermos atuar na conservação”, encerra.

Fonte: Um Só Planeta

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