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Em busca de canaviais mais produtivos, a Usina São Manoel, localizada em São Manuel, vem implementando novas tecnologias com o objetivo de resolver os principais fatores que impactam na produtividade de seus canaviais. Um deles, a compactação de solos, vem sendo muito bem resolvida com a implementação da colhedora de duas linhas.
Com a projeção de colher 3,5 milhões de toneladas na safra 2022/23, a Usina São Manoel tem coletado resultados animadores com a colheita de duas linhas.
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Segundo Murilo Gasparoto, gerente Agrícola da Usina São Manoel, além da redução no consumo de diesel, o aumento de perfilhos e produtividade dos canaviais já são uma realidade.
A usina está localizada na cidade de São Manuel, próxima a Botucatu, região de áreas muito recortadas e que tem 78% de solos desfavoráveis e 22% de solos favoráveis. Segundo dados da companhia, 21% da perda da produtividade dos canaviais da usina estavam ligados à questão da compactação dos solos, 27% à deficiência de nutrientes e o restante por pragas, população de ervas daninhas e doenças.
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A São Manoel sempre trabalhou com sistematização em curvas embutidas e além da questão dos equipamentos que não obedeciam ao traçado, como consequência das curvas embutidas, existia a dificuldade nas manobras. Depois de realizado o diagnóstico dos possíveis problemas, a unidade passou a trabalhar melhor o manejo de seus solos. No entanto, mesmo que os equipamentos tivessem a melhor tecnologia, a usina ainda sofria muito com os impactos das manobras, o que refletia cada vez mais sobre a cana soca.
A fim de melhorar a sistematização e, consequentemente, as operações, a São Manoel desenvolveu um manual de padronização de procedimentos para as operações agrícolas para que fosse possível fazer uma operação de qualidade, gerando indicadores. Além disso, a usina formou canteiros, ou seja, concentrou seu tráfego dentro das entrelinhas e passou seu sistema de conservação para as curvas passantes com bases largas, melhorando também seus traçados, para que as colhedoras e tratores não pisassem mais nos canteiros.
Além do uso do piloto automático, a companhia decidiu, em agosto de 2020, começar a migração para as colhedoras de duas linhas e tem expandido também o uso da telemetria, que está presente em todas as frentes de colheita, proporcionando ganhos muito interessantes, eliminando alguns gargalos e aumentado a eficiência, trazendo redução de custos.
Segundo Gasparoto o projeto de forma comercial iniciou em agosto de 2020, com aquisição da primeira John Deere CH 950. O objetivo principal foi proporcionar uma redução na compactação dos solos. A ideia era atingir cada vez mais perfeição na colheita, trazendo como consequência aumento de produtividade dos canaviais.
“Como o trabalho e adaptação do nosso time operacional foi muito rápida, isso proporcionou, além do primeiro objetivo que era a redução da compactação dos solos, outros valores em nossa lavoura, como redução do abalo de soqueira, aumento de perfilhamento dos nossos canaviais e, consequentemente, o resultado final foram os ganhos operacionais de rendimento”, destaca Gasparoto.
Hoje a Usina São Manoel tem quatro colhedoras CH 950 em operação. Com aquisição da tecnologia, Gasparoto afirma que foi preciso fazer a lição de casa. “Iniciamos a colheita em áreas com sistematização já pré-elaboradas para a colheita mecanizada de alta performance. Já buscávamos o aumento de rendimento das colhedoras de uma linha. Já fazíamos nossos traçados e layout observando a conservação de solos para o ganho de colheitabilidade. Pudemos trabalhar em área de matações com baixa quantidade de manobras. Hoje 100% de nossa cana é colhida com piloto automático, o que agrega muito e é fundamental para a melhor performance dessa nova tecnologia”, salienta o gerente Agrícola da Usina São Manoel.
Colhedora de duas linhas sem barreiras
A usina não teve nenhuma barreira que não pudesse ultrapassar na implementação da colheita de duas linhas. “Desde a chegada da primeira máquina, tratamos isso como um projeto. Sendo assim, dividimos esse projeto em duas fases. A primeira chamamos de fase qualitativa. Por acreditar que o açúcar se faz no campo, buscamos no primeiro ano o enquadramento qualitativo. Trouxemos as máquinas, uma guinada na operação, trabalhamos muito as perdas de cana no campo, impureza mineral e impureza vegetal, e rapidamente atingimos os mesmos resultados que tínhamos na colhedora de uma linha”, explica Gasparoto.
A segunda fase foi a quantitativa. Após ajustado todo o qualitativo, a Usina São Manoel partiu para a análise quantitativa, quando focou a equipe em rendimento máquina/dia, produção e entrega na esteira.
“Trabalhamos esses números, e, consequentemente, viemos a reboque analisar o consumo de combustível, que é fundamental para acompanharmos no CTT, e principalmente a logística interna, pois dentro da operação a colhedora é uma ferramenta, também temos o transbordo e o transporte. Então precisávamos ganhar em tudo. O alinhamento da logística dos transbordos foi fundamental para o sucesso”, disse.
Para isso, foi preciso também evoluir com auxílio da tecnologia da telemetria para conhecer os gargalos do novo tipo de colheita iniciado pela companhia. De acordo com Gasparoto, deu-se um passo importante e que contribuiu muito para o rendimento da CH 950. “Atualmente atingimos um rendimento 35% maior que a da colhedora de uma linha. Na análise feita até agora, são vários os dias em que atingimos 1.600 t/máquina/dia, mas sabemos ainda que tem margem para ser explorada, pois nesse novo conceito temos que buscar melhoria nos processos que envolvem o aumento do rendimento da máquina, desde o plantio atá a colheita”, detalha Gasparoto que adiciona que ainda há um bom caminho a ser percorrido.
Ganhos em TCH
Cada vez mais com a reforma do canavial e implementação de novos canaviais, a usina percebeu que não só o layout é muito importante, como também o planejamento operacional diário da máquina. Sendo assim, o time operacional tem que estar muito atento, pois colhedora de duas linhas propicia um alto potencial de entrega de cana na indústria.
O principal resultado até o momento, observado e quantificado, foi aumento no perfilhamento das áreas colhidas com a CH 950. Esse aumento de perfilhamento chamou tanto a atenção, que Usina São Manoel resolveu instalar um experimento, que foi feito em setembro de 2020.
“Colocamos em uma blocagem de colheita, uma colhedora de duas linhas do lado da colhedora de uma linha e fizemos a colheita separada. Retornamos as colhedoras nas mesmas áreas demarcadas em setembro do ano seguinte, em 2021 e observamos um valor 7% maior de TCH na área colhida com a CH950. Mas esse acompanhamento ainda será realizado até o último corte e vamos acompanhar todo o ciclo da cana para poder ter resultados mais consolidados desse experimento”, revela Gasparoto.
O canavial do experimento estava no terceiro corte e o resultado foi colhido no quarto corte, mas a usina levará o canavial até o sexto ou sétimo corte.
Na safra atual, a São Manoel iniciou outro experimento em um canavial de primeiro corte. Um canavial que está sendo implantado totalmente sistematizado em plantio com bitolas de 3 m para que possam ser colhidos os resultados referentes a canteirização. “Outro número que nos impressionou foi o rendimento de 1600 tonelada/máquina/dia, um número muito interessante, principalmente na região como a nossa, a mais declivosa do Estado de SP. São números que deixam as usina bastante otimista”, disse.
A Usina ainda não conseguiu fazer a quantificação dos ganhos exatos relacionados ao consumo de diesel, redução de custos com mão de obra e manutenção. Mas, do que tem sido visto até o momento, de acordo com o gerente Agrícola da unidade, os resultados já são bastante positivos. “Os litros por tonelada gasto em diesel estão nos agradando bastante.”
Fonte: Natália Cherubin / RAP News