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A Rússia libertou, nesta quinta-feira (10), uma cidadã russo-americana que havia sido sentenciada a 12 anos de prisão. Ela foi acusada de alta traição por supostamente enviar US$ 51,80 (R$ 300) a uma ONG que atua na Ucrânia.
Ksenia Karelina, bailarina de 34 anos, foi libertada como parte de uma troca de prisioneiros com os Estados Unidos, segundo seu advogado, Mikhail Mushailov.
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A troca ocorreu em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, de acordo com informações do chefe da CIA, John Ratcliffe, ao jornal “The Wall Street Journal”.
Segundo a imprensa americana, como parte da negociação, Moscou recebeu de volta o russo-alemão Artur Petrov, que estava detido nos EUA por envolvimento em uma investigação sobre contrabando e lavagem de dinheiro.
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Petrov havia sido preso no Chipre, em 2023, acusado de exportar ilegalmente equipamentos eletrônicos para a Rússia, destinados a fabricantes que trabalham com os militares russos.

Prisão
Em fevereiro de 2024, Karelina foi presa em Ecaterimburgo, na região dos Urais russos, enquanto visitava parentes. Na época, ela morava em Los Angeles, nos EUA.
Nascida na Rússia e cidadã americana desde 2021, Karelina foi inicialmente acusada de desacato por supostamente xingar policiais.
Posteriormente, agentes do FSB, principal agência de segurança russa, examinaram o telefone da bailarina e afirmaram ter descoberto que, antes de viajar para a Rússia, ela havia feito uma doação para uma organização com sede nos EUA que fornece assistência à Ucrânia.
A ONG, chamada Razom, foi fundada em 2014 por ucranianos que vivem nos EUA e arrecada fundos para fornecer equipamentos médicos e alimentos à população ucraniana.
Em agosto do mesmo ano, Karelina se declarou culpada das acusações apresentadas pelo Ministério Público diante do Tribunal Regional de Sverdlovsk. Dias depois, um tribunal russo a sentenciou a 12 anos de prisão.
O julgamento ocorreu após o presidente Vladimir Putin assinar um decreto que aumentou a pena máxima por traição, de 20 anos para prisão perpétua. A medida faz parte de um esforço para ampliar a repressão à dissidência no país.
Trocas de prisioneiros
A sentença de Karelina foi proferida apenas duas semanas após uma histórica troca de prisioneiros entre a Rússia e o Ocidente, que envolveu 24 pessoas — a maior desde o fim da Guerra Fria.
Nos últimos meses, já sob o governo de Donald Trump, Rússia e EUA continuaram a realizar esse tipo de troca.
Em fevereiro, a Rússia libertou Mark Fogel, professor condenado a 14 anos de prisão por tentar entrar no país com maconha medicinal. Já os EUA permitiram o retorno do suposto criminoso cibernético russo Alexandr Vínnik, processado pela Justiça americana por lavagem de dinheiro.
Pouco depois, Moscou confirmou a libertação de outro cidadão americano, preso na capital russa com meio quilo de produtos de cannabis escondidos em recipientes de geleia.
Recentemente, um tribunal na cidade de Vladivostok, no Extremo Oriente da Rússia, reduziu em sete meses a pena de prisão do sargento americano Gordon Black, condenado em junho de 2024 a três anos e nove meses de prisão por roubo e ameaças de morte contra uma amiga.
Atualmente, segundo defensores dos direitos humanos, cerca de 20 americanos ou cidadãos com dupla nacionalidade estão detidos na Rússia.
No passado, durante o governo de Joe Biden, os Estados Unidos e a oposição russa acusavam regularmente o Kremlin de manter prisioneiros políticos e cidadãos estrangeiros como reféns, para depois trocá-los por russos que cumprem pena no Ocidente.
Entre os acordos desse tipo, a Rússia conseguiu a libertação de Vadim Krasikov, agente do FSB condenado na Alemanha pelo assassinato de um exilado checheno em um parque de Berlim, em 2019.
Fonte: G1