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A bordo do navio de pesquisa Pacific Storm, pesquisadores da Universidade Estadual do Oregon, nos Estados Unidos, testemunharam um encontro único no Pacífico. Em expedição ao longo da costa da Baixa Califórnia, no México, o grupo avistou espécimes de baleias-bicudas-de-ginkgo (Mesoplodon ginkgodens), animais nunca antes observados vivos e em seus habitats.
O raro encontro, ocorrido em junho de 2024 – após 66 anos de descrições baseadas em alguns poucos casos de encalhamentos –, é resultado de uma sequência de expedições marinhas que buscam identificar espécies de baleias pouco conhecidas a partir de seus pulsos sonoros de ecolocalização. As descobertas foram publicadas em julho de 2025 na revista científica Marine Mammal Science.
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Encontros em alto mar
As baleias-bicudas-de-ginkgo fazem parte do grupo das baleias-bicudas, mamíferos extremamente difíceis de serem observados por viverem a maior parte da vida em águas profundas do alto mar. Das 24 espécies conhecidas, poucas tiveram suas características descritas com base em animais mortos encontrados nas costas do Pacífico.
Desde 2020 que Elizabeth Henderson, Robert Pitman e outros pesquisadores realizam expedições pela região do Pacífico Norte em busca de detectar baleias-bicudas usando o registro de um tipo específico de pulso sonoro, conhecido como BW43. Por três anos, os cientistas não obtiveram sucesso em avistar a espécie responsável pela emissão dessas ondas sonoras.
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Foi no início de junho de 2024, enquanto preparavam o café da manhã, durante sua quinta expedição à procura da origem do BW43, que eles finalmente avistaram seis baleias-bicudas em alto mar.
“Eu nem consigo descrever a sensação, porque era algo pelo qual trabalhávamos há tanto tempo. Todo mundo no barco estava comemorando porque tínhamos conseguido, finalmente tínhamos conseguido”, relata Henderson em entrevista ao The Guardian.
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Só um pedacinho
Observações com binóculos de alta potência e detecções acústicas por hidrofones não foram suficientes, porém, para concluir se os animais eram mesmo baleias-bicudas-de-ginkgo. Foi necessário também a coleta de uma amostra de DNA para mais detalhes, realizada com uma biópsia da pele de uma das baleias avistadas. O procedimento quase foi um fracasso por causa de um albatroz esfomeado, que tentou capturar a preciosa evidência dos cientistas.
Pela análise genética do fragmento, confirmou-se que cinco dos seis indivíduos eram baleias-bicudas-de-ginkgo, marcando o primeiro registro de avistamento da espécie viva. Além da confirmação, novas informações sobre o padrão de coloração e a distribuição da espécie pelo Pacífico também foram descobertas.
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Após o avistamento único, o trabalho dos pesquisadores segue buscando identificar chamados sonoros de outras baleias-bicudas pouco conhecidas. A ideia é que os dados acústicos acumulados ao longo dos anos de expedições possibilite construir mapas de distribuição desses mamíferos marinhos tão evasivos.
“A Sociedade de Mamalogia Marinha tem uma lista de 94 espécies aceitas de cetáceos. Um quarto dessas são baleias-bicudas, mas a maioria das pessoas nunca sequer ouviu falar delas. São os maiores animais pouco conhecidos que restam no planeta”, diz Robert Pitman.
Fonte: Galileu