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Três cavalos de São José da Bela Vista (SP), que eram utilizados para reprodução e competições, estão entre os 600 animais em todo o país que morreram após consumir ração suspeita de contaminação.
Os casos, que aconteceram entre maio e junho, são investigados pelo Ministério de Agricultura e Pecuária (MAPA), que já determinou o recolhimento do produto, fabricado pela Nutratta Nutrição Animal Ltda, e suspendeu a comercialização em todo o território nacional, por risco à saúde animal.
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De acordo com o MAPA, a ração foi contaminada com uma toxina chamada monocrotalina, que afeta o fígado e o sistema nervoso dos animais. Os casos são investigados também pela Promotoria de Justiça do Consumidor de São Paulo.
O proprietário dos cavalos que morreram em São José da Bela Vista, João Pedro Gimenes Malaquias revelou que o lote contaminado foi comprado em abril. Os animais dele morreram em um intervalo de dois meses.
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“Todos ficavam muito deitados. A gente tocava eles pra levantar, logo deitavam. A égua que estava na baia, ficava virada pra parede, batia a cabeça na parede, como sentindo dor, algum incômodo para estar fazendo isso, porque não é normal do animal fazer isso. Muito deitado e muito parado. Andavam igual um zumbi no pasto solto, sem rumo nenhum, trombando nas coisas”.
Uma égua que estava prenha está entre as vítimas. Segundo Malaquias, o animal morreu três dias depois de começar a passar mal.
“A gente estava cogitando levá-la para uma prova no sábado, estava super bem. Na quarta-feira, o funcionário me ligou dizendo que ela tinha amanhecido muito ruim. Na quinta-feira, o quadro piorou muito, entramos com medicamento, soro. No sábado, já amanheceu morta”.
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Segundo o MAPA, as investigações da morte dos cavalos começaram no dia 26 de maio. Em 100% dos casos analisados, os donos disseram que os animais consumiram rações fabricadas pela Nuttrata.
No dia 17 de junho, o Ministério da Agricultura e Pecuária determinou o recolhimento, em todo o país, de todos os produtos destinados a cavalos fabricados pela empresa, com data de fabricação a partir de 21 de novembro de 2024.
Por meio de nota, a Nuttrata Nutrição Animal disse que já adotou medidas de controle, reforçou as análises laboratoriais e revisou os protocolos de qualificação de fornecedores e das matérias-primas.
A empresa também lamentou os relatos de intoxicação e óbitos dos animais e disse que está colaborando com as investigações.
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Animais em observação
Segundo o veterinário Danilo de Almeida Durigan, antes de saber que a ração estava contaminada, ele começou a tratar o animais como se fosse uma intoxicação comum.
“A gente começou a tratar como uma intoxicação comum. Tinha um parâmetro do fígado que sempre dava alterado, e tratava o fígado, basicamente, e alguma coisa para intoxicação. A gente estava um pouco perdido ainda”.
Outros 15 animais de propriedade de Malaquias também apresentaram sintomas nos últimos meses. No momento, eles estão bem, mas seguem sendo observados.
A advogada Alessandra Aragussi, que representa um grupo de donos de cavalos intoxicados no Estado de São Paulo, informou que vai entrar na Justiça pedindo danos morais.
“Minimamente, uma recomposição material daquilo que se perdeu, que é o valor do animal e, se considerado, todos os investimentos feitos em termos de tratamento médico veterinário para tentar salvar esses animais. É tentar essa recomposição material do que foi perdido e também uma reparação moral. Não tem como você dizer que sente, qualquer dano moral é irreparável”.
Fonte: G1