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A Polícia Civil de Lençóis Paulista (SP) prendeu nesta terça-feira (2) duas pessoas que estavam foragidas desde uma megaoperação que deteve mais de 40 pessoas envolvidas com tráfico de drogas que agia dentro e fora de presídios do interior de São Paulo, realizada região na quarta-feira (27).
Dos 48 mandados de busca e apreensão, 43 deles foram cumpridos em Lençóis Paulista, um em Bauru e quatro em Botucatu. Ainda segundo informações da polícia, de 41 pessoas detidas, 28 eram homens, 11 mulheres e dois menores. Mais dois suspeitos já estavam presos no dia da operação por outros crimes. No total, 45 pessoas foram detidas e três continuam foragidas.
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Segundo o delegado Luís Claudio Massa, os integrantes compravam drogas no Paraguai e na Bolívia e distribuíam na região de Bauru. As investigações também mostraram que a quadrilha controlava bocas de fumo em várias cidades do interior fornecendo drogas e recebendo uma porcentagem de tudo que era vendido.
“Havia preços estipulados para determinados pontos de drogas, chegava até R$ 40 mil. O traficante, então, cedia esse ponto, a pessoa que locava era obrigada a adquirir a droga dele, mas o traficante não precisava ficar lá. Ele simplesmente, semanalmente, passava refazendo a recolha do valor estabelecido e a pessoa que explorava o ponto de droga ficava com a porcentagem dela”, explica o delegado Luís Cláudio Massa.
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Quem assumia o ponto de venda assinava até contrato com a quadrilha, uma espécie de franquia do crime. “Eles passam o dia inteiro no presídio como se fosse um escritório do crime. Fazendo contatos, vendendo drogas, encomendando crimes, é assim o dia inteiro”, afirma Massa.
Todos os envolvidos estão com prisão temporária de 30 dias e foram encaminhados para presídios da região.
Grupo monitorado
A Polícia Civil interceptou mais de 40 mil ligações. Segundo a polícia, o grupo vinha sendo monitorado há quatro meses. Em uma das ligações divulgadas pela polícia, o traficante Heitor Santos, de 23 anos, fala de dentro de um presídio de Bauru (SP). Ele pede mais drogas para Diego Mateus Santos, de 28 anos, apontado pelos investigadores como chefe da quadrilha.
Heitor:”Dá uma batida nos meninos lá. Vê se tem como soltar umas duzentas hoje pra vir amanhã sem falta, mano”.
Diego:Vou ver mano. Vou trocar umas ideia.
Em outra ligação, o preso conta que aproveitou a saidinha de fim de ano para lucrar com a venda de drogas.
Heitor:”Na outra saidinha, três dias que eu vendi mano, 1.800 com meu irmão naquela pista de skate, mano. Eu vendi bagulho de 50 em dois dias, mano”.
Todos os detalhes eram informados aos chefes do tráfico, em tempo real, pelo telefone, das drogas que chegavam e as que eram vendidas. A quadrilha só não sabia que todas as ligações eram gravadas pela polícia com autorização da Justiça. Foram mais de 40 mil escutas telefônicas.
As gravações também revelam o envolvimento de mulheres com o tráfico de drogas. Em uma gravação, uma jovem conta para amiga que escondeu a encomenda de uma usuária de drogas na mochila da filha pequena.
Traficante:“A menina querendo pó e eu não sabia onde que estava, não sabia onde estava. Sabe onde estava?”
Mulher: “Na onde?”
Traficante: “Na bolsa da creche da Leona”!
Mulher:”Ai menina doida”!
Traficante:”Ainda bem que eu vi antes dela ir para creche”.
Em nota, a Secretaria da administração Penitenciária informou que o reeducando envolvido na ação foi imediatamente isolado dos demais dentro do Centro de Progressão Penitenciária I “Dr. Alberto Brocchieri” de Bauru. A direção da unidade também solicitou o cancelamento do regime semiaberto, o que foi acatada pela justiça.
A nota ressalta ainda que todos os presos que são surpreendidos com drogas ou celulares respondem criminalmente, além de sofrer sanções disciplinares e perdem os benefícios conquistados durante o cumprimento da pena. E ainda que os agentes são orientados a efetuar revistas periódicas nas dependências das unidades prisionais.
Ainda segundo o texto, os visitantes flagrados tentando entrar com objetos ilícitos em unidades prisionais, são automaticamente retiradas do rol de visita e sofrem as medidas penais previstas em lei. Agentes públicos que sejam flagrados são demitidos a bem do serviço público, além de serem processados criminalmente.
Fonte: G1