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O candidato a governador de São Paulo Luiz Marinho (PT) esteve em Bauru, na última terça-feira (31) e participou de eventos com apoiadores e militantes, além de falar sobre as propostas de governo. A região de Bauru foi a primeira por onde a campanha dele passou após a convenção, realizada no último sábado, na Capital. O candidato esteve no Espaço Café com Política do JC e ainda em Botucatu, Reginópolis, Pirajuí, Pederneiras e Jaú. Ele afirma que pretende implementar uma gestão bastante diferente daquilo que se apresenta hoje no Estado, colocando-se como uma alternativa de oposição ao governo.
Entre as prioridades, Marinho destaca a consulta a cada região para definição do Orçamento, com participação dos prefeitos, vereadores, além da população, que vão apontar as prioridades para investimento em cada região do Estado. “No período em que fui prefeito de São Bernardo do Campo, fizemos uma territorialização da cidade e cada região definia as prioridades para o Orçamento, algo possível de ser feito no Estado”, afirma. “Com a definição dos recursos, a realização das demandas é viável, dentro do que cada região considera prioritário. O governador tem que ouvir os prefeitos, vereadores, movimentos sociais, a população, para conhecer a realidade de cada região”, completa.
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Luiz Marinho tem 59 anos, é natural de Cosmorama, foi ministro do Trabalho entre 2005 e 2007 e ministro da Previdência entre 2007 e 2008, ambos no governo do ex-presidente Lula (PT). Em 2008, foi eleito prefeito de São Bernardo do Campo e reeleito em 2012. Após ter concorrido como vice do candidato a governador José Genoíno, em 2002, quando o PT foi ao segundo turno, ele agora é o candidato do partido a governador e diz estar preparado, com a intenção de realizar uma gestão nova. A seguir, os principais trechos da entrevista ao JC.
Oposição
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“O PSDB está no poder há 24 anos em São Paulo e se analisarmos qual gargalo foi desatado nesse período, vemos que nenhum. O que eles fizeram foi construir presídios, levando a violência para o Interior, e pedágios nas rodovias, sempre caros. Mas quando você passa nas estradas sem pedágios, a qualidade já não é a mesma. Isso sem falar na educação. Hoje as escolas parecem cadeias, cheias de grades, e 298 mil crianças e jovens entre 4 e 17 anos estão fora da escola. Esse é o legado do PSDB. A gente se apresenta como uma opção de fazer um governo totalmente diferente do que temos no Estado”.
Regionalização
“No período em que fui prefeito de São Bernardo do Campo, dividimos a cidade em 20 microterritórios, com diagnóstico e planejamento de cada um, de forma participativa. A imprensa tem papel fundamental, mostrando a transparência, para que a população participe e mostre as prioridades, que são colocadas no Orçamento, para cada região. Isso é possível de ser feito no Estado, ouvindo os prefeitos, vereadores, movimentos sociais, e a população, definindo o que é prioridade em cada região para ser colocado no Plano Plurianual (PPA), tendo previsão no Orçamento para que sejam realizados”.
Educação
“A mudança na educação precisa ser acompanhada da valorização do professor. A nossa meta é dobrar o piso salarial. Não podemos falar em educação sem valorizar os profissionais. E mudar o conceito de escola que temos hoje. Atualmente, as escolas estão cercadas, com muros, grades, parecem um presídio. A comunidade precisa se sentir pertencente ao ambiente escolar, sem isso, as escolas sempre vão sofrer com vandalismo. E aliar a educação com a cultura e o esporte. Em São Bernardo, colocamos 32 mil crianças em projetos esportivos e culturais no contraturno escolar e o resultado foi ótimo, com melhora no desempenho escolar das crianças”.
Segurança
“A valorização da Polícia Militar (PM) e da Polícia Civil precisa acontecer. Hoje, muitos policiais matam e morrem em confrontos na periferia das cidades e quando uma população tem medo da sua polícia, algo está errado.
A Polícia Civil perdeu sua estrutura, sofre com falta de pessoal e não consegue investigar crimes. Precisamos dar condições de trabalho para os policiais e apostar na educação, pois hoje a sociedade fornece gente para o crime pela falta de políticas voltadas aos jovens”.
Universidades
“As universidades paulistas foram sucateadas e temos entre as prioridades recuperar o papel que elas têm na sociedade. Vamos respeitar a autonomia, mas estimular as pesquisas de âmbito regional, para que sejam criadas soluções aos problemas do nosso Estado. Vamos criar o Banco Paulista para financiar projetos que possam crescer fora das universidades. A universidade deve gerar conhecimento e resultados para a população. Além disso, vamos investir nas bolsas de permanência para os jovens em situação de vulnerabilidade social, para que possam concluir seus cursos e, com isso, mais oportunidade de emprego. As universidades serão valorizadas em nossa gestão”.
Saúde
“Ao assumir o governo em São Bernardo, 92% das demandas eram na saúde. Em cinco anos, reduzimos isso para situações pontuais. Como fizemos isso? Por meio de uma reestruturação completa do sistema de saúde. As unidades básicas e de saúde da família foram valorizadas e separadas por completo do atendimento de urgência e emergência. A população sabia onde procurar. No Estado de São Paulo, ainda temos outro problema, que é o fato do governo não ajudar no Samu, que fica a cargo do governo federal e dos municípios. Precisamos entrar nessa participação, pois o Estado deve ajudar os municípios. E acompanhar mais a realidade de cada região, como as Santas Casas e a rede municipal podem participar do processo, além dos hospitais ligados às universidades. A organização da saúde é algo que precisará ser discutido, pois dá para resolver, mas precisa que o estado seja aliado dos municípios e da União no custeio e nas parcerias”.
Lula
“O Lula é o nosso candidato a presidente. Será registrada a candidatura dele no dia 15 de agosto. Pelos precedentes jurídicos, ele pode ser candidato. Não estamos trabalhando com outro nome, apenas com Lula para ser o presidente, mesmo que a sua prisão, que ocorreu de forma injusta, não seja revogada, ele tem condições de concorrer neste ano”.
Campanha para governador
O candidato petista afirma que chegará ao segundo turno ao analisar o cenário dos principais concorrentes, que são João Dória (PSDB), Paulo Skaf (MDB) e Márcio França (PSB). Serão os quatro com mais tempo de rádio e TV na campanha. “O Dória largou a Prefeitura de São Paulo e disse que foi um divórcio, ou seja, traiu o eleitorado dele, tanto que a rejeição na Capital é alta e isso deve ir para o Interior. O Skaf é o homem do pato amarelo, aliado do presidente Michel Temer, contra os direitos trabalhistas. O Márcio França é uma incógnita, mais Alckmista do que muitos tucanos. Não sei contra quem estarei no segundo turno, mas vamos chegar. As pessoas conhecerão nossas propostas na campanha eleitoral”, afirma.
O PT está coligado com o PCdoB no estado de São Paulo e lançou dois candidatos a senador, Eduardo Suplicy e Jilmar Tatto. Para presidente, deve concorrer com Lula. Já o nome do candidato a vice de Marinho será definido até este domingo, prazo final para a confirmação dos candidatos.
Fonte: Jcnet