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Iniciativa já treinou todos os funcionários das escolas municipais e ganhou reconhecimento da American Heart Association
Um projeto desenvolvido na Unesp de Botucatu ganhou reconhecimento internacional ao ser premiado durante o congresso anual da American Heart Association (AHA), uma das instituições mais respeitadas do mundo na área de emergências cardiovasculares.
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Criada na Faculdade de Medicina da Unesp, a iniciativa capacita professores e funcionários da rede pública municipal para agir corretamente em situações de emergência, como engasgos e paradas cardiorrespiratórias, com atenção especial ao atendimento de crianças. Desde 2018, o projeto tem impacto direto na segurança de escolas de Botucatu.
Segundo dados divulgados pelo Jornal da Unesp, 1.100 profissionais foram treinados em 2024 e 900 em 2025, reforçando o alcance da ação no município.
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Capacitação alinhada à lei federal
Inicialmente denominado Suporte Básico de Vida na Comunidade, o projeto passou a se chamar Suporte Básico de Vida e Lei Lucas na Comunidade, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. A mudança alinhou a iniciativa à Lei Federal nº 13.722/2018, que tornou obrigatória a capacitação em primeiros socorros em escolas e creches.
A legislação foi criada após a morte do estudante Lucas Begalli Zamora de Souza, de 10 anos, vítima de engasgo durante uma excursão escolar em 2017.
Impacto direto nas escolas de Botucatu
Atualmente, cerca de 100 estudantes voluntários dos cursos de medicina, enfermagem, física médica e biomedicina participam do projeto. As equipes atuam diretamente nas escolas municipais de Botucatu, sempre acompanhadas por professores responsáveis.
De acordo com a médica Joelma Gonçalves Martin, coordenadora da iniciativa, todos os funcionários das escolas de ensino fundamental do município foram capacitados ao menos uma vez entre 2023 e 2025, um marco para a rede pública local.
As capacitações ocorrem durante o Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) e seguem os protocolos da AHA. Cada turma participa de duas horas de aulas teóricas e atividades práticas, com simulações de ressuscitação cardiopulmonar e manobras de desengasgo, utilizando bonecos.
Apesar de acontecerem no fim do expediente, as oficinas registram alta adesão. Durante os encontros, profissionais compartilham relatos reais de situações em que conseguiram salvar vidas após o treinamento, evidenciando o impacto prático do projeto na comunidade botucatuense.
Avaliação e certificação
Após as capacitações, os participantes passam por avaliações para medir a retenção do conhecimento, contribuindo para o aprimoramento contínuo da metodologia.
As escolas capacitadas recebem o selo de “escola segura”, conforme previsto em lei. O projeto também promove, desde 2017, um evento anual aberto à comunidade em um shopping de Botucatu e iniciou um projeto piloto voltado a adolescentes.
Reconhecimento internacional
Os resultados do trabalho desenvolvido em 2024 foram apresentados à AHA por meio do resumo científico “Retenção de conhecimento e segurança na tomada de decisões em manobras básicas de suporte à vida por profissionais da educação básica pública após treinamento conduzido por acadêmicos da área da saúde”.
O estudo foi o vencedor brasileiro no Simpósio de Ciência da Ressuscitação e publicado na revista Circulation, referência mundial em ressuscitação cardiopulmonar. Para a coordenação do projeto, a premiação comprova a eficácia da metodologia e sua possibilidade de replicação em outras cidades.
Atualização dos treinamentos
Em outubro, a American Heart Association atualizou as orientações sobre manobras de desengasgo, que passarão a integrar as próximas capacitações em Botucatu. As novas diretrizes variam conforme a idade da vítima e reforçam a importância de acionar o SAMU (192) sempre que necessário.