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As mudas recém-plantadas no terreno de Satish Kumar, no estado indiano de Haryana, estão submersas desde julho por causa das chuvas torrenciais, que vem provocando deslizamentos de terra e inundações repentinas na região. O agricultor disse à CNN internacional que não via inundações desta escala há anos, tendo sido forçado a pegar empréstimos para replantar seus campos.
Por causa desses eventos climáticos, a Índia, o maior exportador mundial de arroz, anunciou no mês passado a proibição da exportação de arroz branco não basmati, que representa cerca de 25% das exportações, com o objetivo de tentar minimizar o aumento dos preços internos e garantir a segurança alimentar da população indiana. Em seguida, o governo lançou um imposto de 20% sobre as exportações de arroz parboilizado.
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A medida desencadeou receios de inflação alimentar global, prejudicou os meios de subsistência de alguns agricultores e levou vários países dependentes do arroz a procurarem isenções urgentes da proibição, afirma a reportagem. Mais de três bilhões de pessoas no mundo dependem do arroz como alimento básico, e a Índia contribui com cerca de 40% das exportações globais de arroz.
“A proibição terá um efeito adverso para todos nós. Não conseguiremos uma taxa mais elevada se o arroz não for exportado”, disse Kumar. “As inundações foram um golpe mortal para nós, agricultores. Essa proibição vai acabar conosco.
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Segundo economistas, a medida deve afetar principalmente os países pobres do Sul Global, colocando mais pressão no abastecimento mundial de alimentos que já sofria com a invasão da Ucrânia pela Rússia e com eventos climáticos como o El Niño. “O principal aqui é que não se trata apenas de uma coisa”, disse à CNN Arif Husain, economista-chefe do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas. “[As culturas de arroz, trigo e milho] constituem a maior parte dos alimentos que as pessoas pobres em todo o mundo consomem.”
Outro receio é que a proibição desperte ações semelhantes por parte de fornecedores rivais. “A proibição das exportações ocorre num momento em que os países se debatem com dívidas elevadas, inflação alimentar e desvalorização das moedas”, disse Husain. “É preocupante para todos.”
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, o anúncio abrupto da proibição de exportação fez o preço do arroz alcançar a máxima em quase 12 anos nos Estados Unidos. Países como Singapura, Indonésia e Filipinas apelaram a Nova Deli para que retomasse as exportações de arroz para os seus países, de acordo com os meios de comunicação locais indianos. O Fundo Monetário Internacional (FMI) encorajou a Índia a remover as restrições, que “podem ser prejudiciais a nível global”.
A Organização Meteorológica Mundial alertou no mês passado que os governos devem se preparar para eventos climáticos mais extremos e temperaturas recordes causadas pelo El Niño, um padrão climático natural no Oceano Pacífico tropical que provoca temperaturas da superfície do mar acima da média e influencia o clima em todo o mundo, afetando milhões de pessoas.
Fonte: Um Só Planeta