Professora investigada por injúria racial contra aluna é afastada de sala de aula em Piracicaba

A Prefeitura de Piracicaba (SP) informou que afastou do trabalho a professora investigada por injúria racial contra uma aluna de 4 anos, em uma escola municipal da cidade. A docente teria dito que o cabelo da criança é “ruim”, além de chamá-la de fedida.

O caso foi revelado na quarta-feira (24), quando a mãe relatou que a filha chegou da escola e contou o ocorrido. Além dessa, outra mãe também fez uma denúncia de suspeita de agressão na polícia após a filha chegar com o pé machucado e a professora se negar a dizer o que tinha ocorrido.

Em nota, a prefeitura diz que a professora foi denunciada ao Ministério Público e que foi afastada preventivamente das atividades em sala de aula, e que ela foi notificada na tarde desta quinta-feira (25).

“Devido a denúncias em relação à conduta profissional da professora, a Secretaria Municipal de Educação (SME) enviou à Procuradoria relatórios sobre o caso para análise e parecer e também solicitou o afastamento da servidora. A Procuradoria abriu processo administrativo, que está em andamento.”

Ainda conforme a prefeitura, o afastamento preventivo tem por objetivo preservar a tramitação do processo administrativo e o ambiente de trabalho. “A comissão de sindicância continuará a apuração dos fatos ouvindo as partes envolvidas”, diz a nota oficial.

“A Secretaria Municipal de Educação, por meio do Setor de Saúde do Escolar, vai acompanhar o caso e prestar todo o apoio necessário à criança e à família para garantir acesso aos serviços disponíveis na Secretaria Municipal de Saúde com o objetivo de mitigar quaisquer traumas causados”, completa o documento.

O caso

São duas denúncias diferentes envolvendo a mesma professora, que atua na Escola Municipal Professor Alceu Marozzi Righetto. A de injúria racial foi registrada na segunda-feira (22).

A mãe de uma menina de 4 anos foi até a delegacia e relatou que a filha chegou da escola e contou o ocorrido. A professora teria feito comentários ofensivos sobre o cabelo da criança, além de outros insultos racistas.

“Minha filha chegou em casa falando que a professora falou para ela, na hora do soninho, ‘por que sua mãe é tão bonita, branquinha do cabelo liso, e você é assim pretinha e seu cabelo é ruim?’. Ela falou para mim que a ‘Pro’ tinha falado para ela que o cabelo dela é ridículo, igual ‘bombril'”, afirmou a mãe, Elaine Esponchado.

“Eu falei para ela que não era assim. Inclusive ontem para ir para a escola ela pediu para passar chapinha”, completou.

A professora também teria dito outro comentário racista: “Na hora do banheiro falou que ela estava fedida porque ela era pretinha.”

Elaine disse que ficou chocada com o ocorrido. “A gente imagina que isso não existe mais. E aí quando a gente tem um filho e o filho passa por isso, a gente vê que ainda existe. Eu não quero ver minha filha mais passar por isso, eu estou aqui para lutar por ela”, afirmou.

Além desse caso, uma outra mãe registrou um boletim de ocorrência de lesão corporal no começo do mês. Ela relata que a filha machucou o pé quando estava sob cuidados da professora, mas a professora se recusou a contar o que tinha acontecido.

A mãe suspeitou da atitude e também decidiu registrar o caso na Polícia Civil.

Outro caso

A Secretaria Municipal de Educação informou que a servidora já chegou a ser suspensa por dez dias em 2016, por outras ocorrências em relação à conduta profissional, em situações semelhantes.

Já a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) confirmou que os dois casos estão sendo investigados pela Polícia Civil de Piracicaba e que estão sendo feitas diligências para esclarecer as denúncias.

Fonte: G1