18 de novembro, 2024

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Principal universidade da Venezuela completa 300 anos em crise

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Professores com salários irrisórios, alunos que escolhem entre “comer ou estudar” e joias arquitetônicas abandonadas. A principal universidade da Venezuela, a UCV, celebra seu 300º aniversário acuada pela crise no país.

“Percebe-se um quadro geral de decadência à medida que a universidade se aproxima do terceiro centenário. Não se pode acreditar que tenha descido a tal ponto”, lamenta Daniel Terán, historiador doutor pela UCV, cujo salário como professor mal chega a 11 dólares por mês, o custo de dois quilos de carne bovina.

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“Colegas na América Latina ganham 2.500, 3.000, 5.000 dólares”.

Segundo a ONG Observatório Venezuelano de Universidades, um em cada três professores não faz três refeições por dia.

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A Universidade Central da Venezuela (UCV) perdeu 1.200 dos 9.000 docentes (ativos e aposentados) que empregava há quatro anos, em meio à combinação de inflação e recessão e um PIB de 1.541 dólares, mais baixo que do Haiti, segundo o FMI.

A situação dos estudantes é semelhante. As salas de aula estão vazias devido à migração de cinco milhões de venezuelanos, segundo a ONU. Há aproximadamente 35.000 alunos de graduação na UCV, um terço a menos do que em 2015.

A UCV foi fundada em 22 de dezembro de 1721 como Universidade Real e Pontifícia de Caracas, quando a Venezuela era uma colônia espanhola.

Seu atual campus, obra-prima do arquiteto Carlos Raúl Villanueva, foi construído entre as décadas de 1940 e 1960. Seus 200 hectares foram declarados pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.

O governo de Nicolás Maduro iniciou em outubro obras de “recuperação do patrimônio” da UCV, com um investimento de 40 milhões de dólares, quase o dobro do orçamento aprovado para 2022 e mais de 40 vezes o autorizado para 2021.

Setenta e cinco por cento do que foi aprovado para 2022 corresponde ao pagamento de funcionários e apenas 3% às despesas operacionais, segundo a UCV.

A infraestrutura sofre. Uma parte do telhado de um corredor de 300 metros desabou no ano passado, sem deixar feridos. O Instituto de Medicina Tropical UCV, referência da pesquisa científica venezuelana, foi assaltado mais de 80 vezes em seis anos.

Diante da precariedade, as faculdades da UCV se mantém com receitas próprias e doações. As mensalidades de graduação não são cobradas, apenas as de pós-graduação.

O representante estudantil Miguel Barone denuncia a reforma da UCV como “um cavalo de Troia” para uma intervenção governamental.

Uma decisão judicial congelou as eleições de novas autoridades nas universidades públicas em 2011, questionando seu registro eleitoral.

“Não há intervenção na qual os militares entram, suspendem as aulas, há tiros, mortes, feridos ou desaparecidos”, diz Terán.

“Estamos vendo uma intervenção a conta-gotas”.

Fonte: Yahoo!

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