Predadores do passado: instinto assassino impulsionou evolução dos ancestrais dos mamíferos, mostra estudo

A história evolutiva dos mamíferos é antiga, remontando aos sinapsídeos, a primeira linha dos répteis a diferenciar-se dos primitivos anapsídeos. E o instinto assassino foi decisivo nesse processo. Segundo um novo estudo da Universidade de Bristol e da Universidade Aberta, o sucesso evolutivo dos primeiros grandes predadores em terra foi impulsionado pela necessidade de melhorarem como assassinos.

Esses precursores dos mamíferos governaram a Terra durante cerca de 60 milhões de anos, muito antes da origem dos primeiros dinossauros. Eles se diversificaram como os principais predadores terrestres entre 315–251 milhões de anos atrás.

Os pesquisadores estudaram a anatomia da mandíbula e o tamanho do corpo dos sinapsídeos carnívoros, a fim de reconstruir seus prováveis ​​hábitos alimentares e traçar a evolução ecológica ao longo do tempo. Eles descobriram uma grande mudança na função da mandíbula há cerca de 270 milhões de anos, ligada a uma mudança significativa no comportamento predatório que tem implicações importantes para a evolução dos nossos primeiros ancestrais.

À medida que os herbívoros cresciam e se tornavam maiores e mais rápidos, os carnívoros se adaptaram para se tornarem predadores maiores e melhores para sobreviver. “Os primeiros predadores sinapsídeos, como o famoso Dimetrodon, tinham mandíbulas bastante longas com muitos dentes para garantir que, uma vez capturadas, suas presas não escapariam”, explicou o autor principal, Dr. Suresh Singh, da Escola de Ciências da Terra de Bristol .

“No entanto, vimos uma mudança na função da mandíbula em direção a mandíbulas mais curtas, com maior eficiência muscular e menos dentes concentrados na parte frontal da mandíbula – estas eram mandíbulas adaptadas para fornecer mordidas profundas e poderosas”.

Segundo ele, a mudança mostra que os carnívoros sinapsídeos posteriores colocaram mais ênfase em ferir gravemente e, portanto, matar mais rapidamente suas presas. Entre eles estavam os primeiros carnívoros com dentes de sabre. “Esta mudança destaca que os predadores estavam enfrentando novas pressões seletivas com suas presas”.

A descoberta fornece um contexto importante para um passo fundamental na evolução dos sinapsídeos. “A reorganização das mandíbulas sinapsídicas ao longo deste período é conhecida há muito tempo como um grande passo em direção à evolução dos mamíferos”, acrescentou o Dr. Armin Elsler, colaborador do estudo. “Essas mudanças não apenas tornam a mandíbula mais eficiente; eles também marcam o primeiro redesenvolvimento da mandíbula que também criou o complexo ouvido encontrado nos mamíferos. O que motivou esse primeiro passo? Nosso estudo sugere que isso foi parcialmente impulsionado por pressões ecológicas de suas presas.”

A mudança na função da mandíbula coincide com a evolução de novos herbívoros maiores e mais rápidos que teriam representado um desafio maior para os predadores. “Os riscos para os carnívoros de serem feridos ou mortos aumentaram, então alguns carnívoros sinapsídeos tornaram-se assassinos maiores e melhores para superar esses riscos.”

A pesquisa também descobriu que a diversidade morfológica dos carnívoros sinapsídeos aumentou após a mudança, com alguns adaptados para velocidades de mordida mais rápidas ou mordidas ainda mais poderosas no período de cerca de 265-251 milhões de anos atrás. Segundo os pesquisadores, estas comunidades podem ter começado a assemelhar-se muito às dos mamíferos carnívoros modernos.

Fonte: Um Só Planeta