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Símbolo da classe média brasileira entre os anos 1980 e 2000, item simples do dia a dia virou objeto de desejo e memória afetiva
Se você cresceu em um lar brasileiro entre os anos 1980 e 2000, é provável que tenha se servido, pelo menos uma vez, em um prato marrom da Duralex. O que antes era comum em almoços de domingo, festas de família e armários de mães e avós, agora se tornou uma verdadeira relíquia — com valor de mercado que impressiona.
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Atualmente, plataformas como OLX e Mercado Livre reúnem anúncios de kits de pratos, copos e travessas Duralex âmbar (popularmente conhecidos como “marrom”) por valores que podem ultrapassar R$ 4.000. Um único prato chega a custar entre R$ 300 e R$ 400, dependendo do estado de conservação.

Além dos marketplaces, grupos de venda em redes sociais também passaram a ser ponto de encontro para colecionadores e entusiastas do modelo que marcou gerações.
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De item popular a objeto de colecionador
A história do Duralex começa na França, onde a empresa La Chapelle-Saint-Mesmin desenvolveu um vidro temperado, resistente a choques térmicos, em 1945. A invenção foi batizada de Duralex, nome inspirado no ditado latino “Dura lex, sed lex” (“A lei é dura, mas é a lei”).
No Brasil, os produtos chegaram entre as décadas de 1960 e 1970, mas foi nos anos 1980 que o modelo âmbar se popularizou. Além do uso doméstico, também era encontrado em escolas, padarias, hospitais e refeitórios — locais que demandavam utensílios resistentes e econômicos.
Entre os motivos que explicam seu sucesso, estão:
- Durabilidade extrema: era comum o mesmo jogo de pratos durar décadas;
- Preço acessível: o Duralex era mais barato que outras opções de vidro ou porcelana;
- Presença coletiva: adotado em ambientes públicos pelo custo-benefício;
- Valor afetivo: representa memórias familiares e infância de muitos brasileiros.
Valorização inesperada
Com o passar dos anos, o modelo deixou de ser produzido em larga escala e acabou se tornando raro. Hoje, o que era um item simples, considerado “comum demais” para presentes de casamento ou listas de chá de panela, é vendido como peça vintage, com direito a disputa entre colecionadores.
Segundo vendedores, o aumento na procura fez os preços dispararem. Um conjunto de 20 peças, por exemplo, pode ser encontrado por até R$ 4.500 — valor que supera muitos jogos modernos de louça fina.
Mais do que uma peça de vidro, o Duralex âmbar passou a representar um capítulo afetivo da cultura brasileira, que agora retorna como símbolo de nostalgia e resistência do tempo.