21 de dezembro, 2024

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Praça dos Abolicionistas é revitalizada em Botucatu

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A comunidade que vive no entorno da Praça dos Abolicionistas, localizada no entroncamento das ruas Atílio Losi e Jorge Barbosa de Barros, Jardim Paraíso, região Norte da Cidade, comemorou no último sábado (21) a entrega das obras de revitalização do espaço público, promovido pela Secretaria Municipal de Obras da Prefeitura de Botucatu. O local ganhou novas calçadas com rampas de acessibilidade, lixeiras e bancos de madeira, paisagismo e iluminação. 
 
A dona de casa Roseli Garcia Barros (54) mora em frente à Praça dos Abolicionistas há 15 anos. Ela conta que a ausência de iluminação adequada era um dos principais problemas do local, o que gerava uma sensação de insegurança aos moradores da região e, consequentemente, afastava a presença das famílias. “Tinha turma que vinha aqui usar droga, fazer vandalismo. Mas agora ficou muito bom. Falta agora as pessoas terem mais consciência para que possamos preservar este local da forma que ele merece”, argumenta.
 
A revitalização da Praça dos Abolicionistas é mais uma que faz parte do programa “Nossas Praças”, da prefeitura de Botucatu, que desde 2009 tem investido pesado na recuperação de espaços de lazer e convivência para a comunidade botucatuense. “A construção e revitalização de praças é um dos pedidos mais comuns que chegam à Prefeitura. E este é um pedido legitimo da população, afinal a praça é o espaço público mais democrático dentro de uma cidade. Uma praça bem cuidada, iluminada, com atrativos, não só valoriza o bairro como também eleva a autoestima de seus moradores”, afirma o secretário municipal de Obras, André Peres.
 
Homenagens
O evento, que fez parte das atividades da Semana da Consciência Negra em Botucatu, contou com apresentações artísticas de hip hop [Núcleo Assistencial Paulo e Estevão e projeto do Parque Imperial], capoeira [escolinha da Secretaria Municipal de Esportes] e dança afro [grupo Kitwana]. Outro bonito gesto que marcou a entrega da revitalização da Praça dos Abolicionistas foi o plantio de três camélias, flor símbolo do movimento abolicionista. 
 
“Minha avó cultivava várias flores e ela me contou o significado das camélias. Os escravos fugidos se identificavam com aqueles que usavam camélias no decote ou lapela [da roupa]. Assim, quando encontravam essas pessoas com as camélias, os escravos se sentiam protegidos para serem encaminhados ao Quilombo do Leblon, no Rio de Janeiro. Na época muitos políticos e intelectuais apoiaram e ajudaram a fortalecer o movimento abolicionista, com destaque à Princesa Isabel”, conta a professora e psicóloga, Edmée Rodrigues.
 
Na oportunidade a Secretaria Municipal de Políticas de Inclusão Social e o Conselho Municipal da Promoção da Igualdade Racial promoveram uma homenagem ao promotor Dr. Antônio Bento de Souza e Castro, personagem reconhecido pela luta contra a escravidão. Residente e titular da Promotoria Pública de Botucatu no período de 1869 a 1870, ele foi o principal organizador do Quilombo do Jabaquara, localizado em Santos, para onde foram levados milhares de escravos fugidos das fazendas de São Paulo. “Ele conseguiu libertar mais de 10mil escravos do Estado de São Paulo”, lembra Olavo Godoy, membro da Academia Botucatuense de Letras, que realizou uma intensa pesquisa sobre o homenageado. 
 
Natural de Santos, o vice-prefeito de Botucatu, Antonio Luiz Caldas Jr., aproveitou o evento para relembrar não apenas a importância da figura de Antonio Bento, mas também de outro importante abolicionista brasileiro: Luiz Gama. “Meu avó montou um bar na Rua Antonio Bento, em Santos, e parte da minha infância tive o privilegio de morar no Jabaquara, que se tornou maior reduto de negros paulistas no século 19. Antonio Bento era um homem especial, mas tinha um amigo que era Luiz Gama, filho de um proprietário de fazendas com uma negra liberta. O próprio pai o vendeu como escravo. Veio para São Paulo para trabalhar e procurou a Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, onde não foi aceito por ser negro. Mas ele assistiu todas as aulas, mesmo não sendo aceito como aluno regular. Agora, neste mês de novembro, a OAB concedeu a Luiz Gama, de forma simbólica, 133 anos depois sua morte, o título de advogado. Pessoas como Luiz Gama e Antonio Bento têm que ter esse reconhecimento público. Infelizmente temos visto nos últimos anos coisas terríveis ressurgirem no País, com segregação relacionada à orientação sexual, cor e classe social. Porém essa luta pela igualdade tem que ser cada vez mais firme”, enfatiza.
Fonte: Prefeitura Municipal de Botucatu

 

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