22 de dezembro, 2024

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Povos pré-colombianos conheciam técnicas de construção resistentes a abalos

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A igreja de San Francisco, construída há 444 anos, o edifício mais antigo de Santiago do Chile, que sobreviveu a incontáveis terremotos na região mais sísmica do planeta, pode ter a chave do conhecimento pré-colombiano na área antissísmica.

O edifício religioso, que começou a ser edificado em 1572 e terminado 41 anos depois, é a única construção colonial que continua de pé no país mantendo a estrutura original.

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Também é o único edifício que sobreviveu ao devastador terremoto de 1647, conhecido como o “Terremoto Magno”, que segundo cálculos atuais teria alcançado uma magnitude de cerca de 8 – causando um estrago tão grande em Santiago que as autoridades da época chegaram a pensar numa mudança de endereço da cidade.

A professora da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Chile levantou os rebocos para tratar de uma questão que a assombra desde que fez sua tese de doutorado sobre o risco sísmico de edifícios pré-industriais.

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E a descoberta foi surpreendente. As paredes de 1,7 metros de espessura do templo original repousam em umas esferas de pedra situadas na terra delimitadas por paredes laterais.

“A parede estaria sobre um alpendre, mas não sai (do local) porque tem uma parede lateral de contenção”, explicou à AFP, dizendo que este sistema “não é típico de edifícios coloniais monumentais” que os espanhóis deixaram na América nem nas construções na Espanha.

Este tipo de construção poderia ser explicada pela influência da mão de obra indígena no desenho deste sistema, afirma a acadêmica, ainda muito cautelosa porque não quer adiantar as conclusões de seu estudo, que espera finalizar em outubro.

Interior da igreja de San Francisco (Foto: Reprodução)
Interior da igreja de San Francisco (Foto: Reprodução)

Mão de obra indígena

“Pelas crônicas históricas sabemos a mão de obra utilizada foi indígena picunche, o que nos leva a supor que essas fundações foram criadas pela população local”, afirma Jorquera, que recorda que, quando a primeira pedra do edifício religioso foi colocada, em 1572, os espanhóis estavam no Chile há 31 anos e ainda não tinham experimentado qualquer tremor de terra importante.

Esta tese seria baseada em fundamentos semelhantes que foram encontrados em construções pré-hispânicas do Peru, cujo povo indígena tinha contatos com os habitantes do norte e centro do Chile.

“Essa ideia não ocorreu para os espanhóis”, diz.

Mas os pilares sozinhos não explicariam a resistência do edifício, que tem um teto de caixotões e vigas que atravessam as paredes grossas, também ajudando a segurar em caso de choques fortes.

Além da descoberta das fundações, as escavações permitiram encontrar peças de cerâmica de origem Inca, uma ponta de lança e um cemitério.

Ao longo de quase quatro séculos e meio de existência, a igreja tem experimentado várias ampliações, entre elas um convento e a torre, que desmoronou pela primeira vez no grande terremoto de 1647 junto com o segundo andar dos claustros, e foi reconstruída em quatro ocasiões.

Mas embora San Francisco seja a mais antiga das construções coloniais e a “mais interessante”, no centro de Santiago sobreviveram aos terremotos e à passagem do tempo meia centena de edifícios coloniais levantados no final do século XVII e início do século XVIII, lembra Jorquera.

Fora do Chile, no sítio arqueológico pré-Inca Huaca Pucllana, em Lima, descoberto em plena capital peruana, as paredes que resistiram aos inúmeros terremotos foram construídas com tijolos de adobe dispostos verticalmente em uma pirâmide, aparentemente, também para este fim.

Fonte: Yahoo!

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