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As temperaturas no Polo Norte atingiram um patamar inédito no último domingo (4), com mais de 20°C acima da média histórica, superando o limite de derretimento do gelo, segundo dados de agências meteorológicas europeias e norte-americanas. No sábado (3), temperaturas ao norte de Svalbard, na Noruega, já estavam 18°C acima da média de 1991-2020, aproximando-se de 0°C, ponto no qual o gelo começa a derreter.
“Este foi um evento extremo de aquecimento no inverno do Ártico”, afirma Mika Rantanen, cientista do Instituto Meteorológico da Finlândia, à reportagem do The Guardian. Embora não seja o maior já registrado, o episódio está no limite superior do ideal para a região. Para os especialistas, o fenômeno foi impulsionado por um sistema de baixa pressão sobre a Islândia, que direcionou uma corrente intensa de ar quente para o Polo Norte, combinada com temperaturas altas no nordeste do Atlântico.
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O serviço Copernicus de mudanças climáticas da União Europeia confirmou que, no domingo, a temperatura média na região do Polo Norte ficou mais de 20°C acima da média, com registros absolutos acima de -1°C em latitudes próximas a 87°N. Além disso, uma boia de neve no Ártico mediu temperaturas de 0,5°C.
Desde 1979, o Ártico aquece quase quatro vezes mais rápido do que a média global, o que resulta em eventos extremos de calor cada vez mais frequentes no mundo. “Todas as projeções indicam uma anomalia térmica acima de 20°C, possivelmente entre 20 e 30°C”, explica Rantanen. Embora esse tipo de evento seja considerado raro, há registros semelhantes em fevereiro de 2018.
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Temperaturas acima do congelamento preocupam cientistas devido à aceleração do derretimento do gelo, o que compromete o nível do mar. “Não há negociação com esse fato. O gelo continuará desaparecendo conforme as temperaturas aumentam”, alertou Dirk Notz, pesquisador da Universidade de Hamburgo.
Um estudo coassinado por Notz em 2023 concluiu que, mesmo com cortes drásticos na emissão de gases que aquecem o planeta, o Ártico deve perder sua cobertura de gelo durante o verão nos próximos 20 anos.
“Esperamos que o Oceano Ártico perca sua cobertura de gelo marinho no verão pela primeira vez nas próximas duas décadas. Esta provavelmente será a primeira paisagem que desaparece por causa das atividades humanas, indicando mais uma vez o quão poderosos nós, humanos, nos tornamos para moldar a face do nosso planeta”, conclui.
Fonte: Um Só Planeta