Anúncios
Com quase 20 anos de experiência em suas profissões, um policial militar e um motorista de ônibus protagonizaram uma cena emocionante durante o atendimento a um acidente grave em Bauru (SP) nesta semana.
Um motociclista trafegava pela região central quando bateu na lateral de um ônibus e a garupa caiu. A mulher, de 31 anos, acabou sendo atropelada pelo veículo e morreu no local.
Anúncios
Quando o cabo André Gustavo Ferreira da Silva chegou ao local do acidente, encontrou o motorista, Rogério Antônio Souza, sentado no chão do ônibus, em prantos. O policial chamou o motorista pelo nome e o abraçou, em uma cena que causou comoção.
A atitude de empatia do policial recebeu várias mensagens de apoio e elogio.
Anúncios
“Nós chegamos no local para atender uma ocorrência de gravidade, já sabíamos que o Samu estava no local e tinha constatado um óbito e o motociclista estava sendo atendido, então eu fui procurar o motorista do ônibus e me deparei com a situação dele, sentado no assoalho do ônibus chorando. Minha primeira reação foi tentar trazê-lo à realidade, eu chamei ele pelo nome três vezes, para ele sair dessa situação, se levantar”, conta o cabo da PM.
O abraço foi registrado pelo cinegrafista da TV TEM Marcelo Risso.
“A gente aprende desde pequeno aquela máxima de amar ao próximo como a si mesmo. E eu me coloquei no lugar dele, da cena que ele viu quando saiu do ônibus após o acidente, ele estava muito abalado e perdido.”
“A primeira coisa que senti no meu coração foi que ele precisava disso, daquele momento do abraço, do aperto de mão e de uma palavra de consolo”, completa.
André conta ainda que ficou pouco mais de um minuto abraçado com o motorista até ele parar de chorar e ele perceber que a situação estava mais controlada. Segundo o policial, a maior preocupação do motorista era com as vítimas do acidente.
“Ele falava o tempo todo a moça morreu, queria saber como o motociclista estava. A gente é motorista também, sabe como é, estamos sujeitos a isso e foi uma fatalidade. Tentei na conversa deixar isso claro para ele, que foi uma fatalidade, que foi muito triste, mas que ele não tinha culpa.”
Ainda segundo o policial, apesar de já ter atendido inúmeros casos de acidente, inclusive com mortes, essa ocorrência foi bastante especial. “Porque foi no centro da cidade e tinham tantas pessoas ali que poderiam ter essa atitude, mas estavam ali em silêncio, só olhando e eu vi que tinha que tomar alguma atitude, mesmo fardado, fazendo o meu trabalho. Então foi muito emocionante e algo que eu vou guardar para sempre.”
O motorista conta que nesses quase 20 anos de profissão nunca tinha se envolvido em um acidente assim. Rogério afirma que ficou em choque e a atitude do policial o ajudou naquele momento de desespero.
“Eu estava ali desolado, muito triste pelo o que tinha acontecido, embora tenha sido uma fatalidade, não tenha tido culpa, eu fiquei muito abalado, estava preocupado com as vítimas. E ele se aproximou, conversou comigo, deu uma palavra de carinho, o abraço. Só posso dizer que sou muito grato”, desabafa.
“Antes de chegar o pessoal do operacional da empresa, para dar o auxílio, a pessoa que estava ali era o policial, ele ficou sensibilizado com a situação, me ajudou. Eu tenho muito a agradecer.”
Rogério diz que aos poucos está tentando voltar a rotina de trabalho, mas que ainda está muito triste com a situação. “Estou voltando a ativa aos poucos. Até hoje ainda é complicado, eu fiquei muito triste com a situação, com o rapaz, o motociclista, a moça tão nova, não tenho nem palavras nesse sentido”, afirma.
Para o policial, a repercussão de uma atitude simples mostra o quanto as pessoas estão carentes de cuidados umas com as outras.
“Foi uma situação muito especial e acredito que tudo tem um propósito. Pela repercussão das postagens na internet a gente vê que as pessoas estão carentes de compartilhar momentos como esses”, finaliza.
Fonte: G1