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A Polícia Civil de Duartina (SP) abriu inquérito para investigar a suspeita de omissão de socorro no atendimento da menina Yasmin Lemos Campos (foto), de 4 anos, que morreu depois de ser picada por um escorpião no quintal de casa.
De acordo com o delegado Paulo Calil, titular da delegacia da cidade, será investigada a conduta do provedor do Hospital Santa Luzia e do médico que atendeu a menina.
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Yasmin foi socorrida pela mãe após ser picada em Cabrália Paulista no final da manhã de terça-feira, por volta das 11h. A menina foi levada ao posto de saúde e, depois, seguiu ao hospital de Duartina, que fica a cerca de 10 km de distância, em uma ambulância municipal.
Entretanto, como no hospital não havia soro para combater o veneno, Yasmin precisou transferida a uma Unidade de Pronto Atendimento de Bauru, onde morreu. Conforme a UPA, a menina havia conseguido uma vaga no Hospital Estadual, mas por conta da gravidade do caso não foi possível fazer uma nova transferência.
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Para a mãe da menina, houve demora no atendimento. “Eu estava em Duartina e, ao invés da ambulância de lá levar a gente, ligaram para uma ambulância de Cabrália Paulista. Aí ela teve que sair de Cabrália, para ir a Duartina e só depois me trazer para Bauru”, contou Letícia Lemos, antes da filha morrer.
O corpo de Yasmin foi enterrado na manhã desta quarta-feira (11) no Cemitério Municipal de Cabrália Paulista.
Atendimento
O prefeito de Cabrália Paulista, Zequinha Madrigal (PTB) nega que houve demora da ambulância para fazer a transferência para Bauru. Segundo os registros da prefeitura, a ambulância foi acionada pelo Hospital Santa Luzia de Duartina às 13h04 e às 13h13, o veículo já estava no local para fazer a transferência da menina.
Sobre o fato de ambulância ter levado a menina diretamente para Duartina, sendo que não havia soro no local, o prefeito alegou que o hospital é o atendimento mais próximo e referência para pacientes de Cabrália Paulista.
“A nossa unidade de referência é Duartina, por isso todos os casos nós mandamos para Duartina para lá ser feito o encaminhamento para as especialidades. Mas, agora nós estamos entrando em contato com Bauru para saber se podemos mandar diretamente para lá, sem a interferência de Duartina.
O prefeito também ressaltou que não sabe o porquê do Hospital Santa Luzia, de Duartina, não ter acionado o Samu, que é regionalizado e atende 18 cidades da região, entre elas Cabrália Paulista e Duartina. O serviço inclusive pode ser acionado por qualquer morador dessas cidades por meio do 192.
Ele alega também que o hospital demorou pra acionar a ambulância municipal de Cabrália Paulista, porque achou que a injeção de controle seria suficiente.
Já a direção do Hospital Santa Luzia, de Duartina, informou que existe um acordo com as prefeituras determinando que o paciente só pode ser transportado pela ambulância da cidade onde mora. E, por isso, a menina precisou esperar a volta do veículo de Cabrália Paulista para só depois ser levada a Bauru.
O prefeito de Duartina, Aderaldo Pereira de Souza Junior (PP), informou que, apesar do acordo, poderia disponibilizar a ambulância do município, mas que a decisão de chamar a de Cabrália Paulista foi do hospital.
Por outro lado, o provedor hospital, Valdir Medeiros Maximino, reafirmou que seguiu o protocolo assinado com as prefeituras, acionando a ambulância de Cabrália Paulista.
Ainda sobre o atendimento de Yasmim, o hospital de Duartina disse que menina foi atendida imediatamente e o médico avaliou que o estado de saúde dela era estável, já que enquanto ela esteve no local não apresentou parada e nem insuficiência respiratória.
Disse também que desde março deste ano, o hospital não recebe mais o soro antiescorpiônico e que a unidade de referência é Bauru, por isso eles fizeram o primeiro atendimento, estabilizaram a paciente e pediram a transferência para Bauru.
De acordo com a direção da UPA do Jardim Vista em Bauru, para onde Yasmin foi transferida, a criança deu entrada na unidade às 14 horas e dez minutos depois recebeu o soro. A UPA também informou que uma vaga em UTI foi disponibilizada no Hospital Estadual, mas por causa da gravidade do quadro de saúde, a criança não pôde ser transferida.
Yasmin teve duas paradas cardiorrespiratórias às 15h e 16h30 e os médicos tentaram reanimá-la, mas ela não resistiu e morreu no início da noite de terça-feira.
Distribuição do soro
Em nota, o Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) de Bauru esclareceu que não há falta de soro antiescorpiônico na região. No entanto, na mesma nota, a Secretaria Estadual de Saúde afirma que envio de ampolas a São Paulo continua ocorrendo de forma irregular.
Segundo a pasta, a necessidade do estado é de 650 ampolas por mês, em média, mas o Ministério tem feito entrega parcial. Neste mês, por exemplo, foram recebidas 126 ampolas.
Afirma ainda que a aquisição e distribuição de soroantiescorpiônico é de responsabilidade do Ministério da Saúde. O Estado apenas redistribui para os municípios.
Dessa forma, a definição de locais estratégicos para disponibilização de soro contra animais peçonhentos segue política definida pelo órgão federal. A região de Bauru conta com quatro unidades estratégicas para aplicação do soro, localizadas nos municípios de Bauru, Jaú e Lins.
A nota diz ainda quer todos os município têm ciência dos locais de aplicação do soro, porém o GVE irá reforçar as orientações junto às prefeituras.
Em nota, o Ministério da Saúde esclarece que os soros antivenenos continuam sendo distribuídos conforme análise realizada pela Coordenação-Geral de Doenças Transmissíveis (CGDT).
Para essa distribuição é considerada a situação epidemiológica dos acidentes por animais peçonhentos em cada Unidade Federada, as ampolas utilizadas, bem como os estoques nacional e a demanda de cada estado, além do cronograma de entregas a serem realizadas pelos laboratórios produtores.
O Ministério da Saúde envia doses de vacinas e soros aos estados, que são responsáveis por fazer a distribuição aos respectivos municípios.
O Ministério da Saúde reforça a necessidade do cumprimento dos protocolos de prescrição, a ampla divulgação do uso racional dos soros e a alocação desses imunobiológicos de forma estratégica em áreas de maior risco de acidentes e óbitos.
A nota esclarece ainda que para evitar desabastecimento, é importante manter a rede de assistência devidamente preparada para possíveis situações emergenciais de transferências de pacientes e/ou remanejamento desses imunobiológicos de forma oportuna.
Fonte: G1