Anúncios
A Polícia Civil de Bauru (SP) abriu uma investigação para apurar uma denúncia de maus-tratos a animais que estariam praticamente abandonados em uma fazenda localizada em Avaí (SP).
De acordo com a denúncia, registrada em boletim de ocorrência no último dia 19 de abril pela ONG Nature Vitae, de Bauru, cerca de uma centena de bois estariam na Fazenda Santa Terezinha sem comida e água.
Anúncios
Ainda segundo a denúncia, os animais seriam do ex-presidente da Cohab de Bauru, Edison Gasparini Jr., e estariam entre os bens sequestrados pela Justiça como desdobramento de supostos desvios de R$ 54 milhões da companhia investigados pela Operação João de Barro.
Nesta quarta-feira (27), voluntários da ONG, acompanhados de um investigador da Polícia Civil e um veterinário, foram ao local e constataram a existência de animais magros, alguns deles já feridos e mancando, e pelo menos nove carcaças de animais que morreram de fome.
Anúncios
Segundo a advogada Thais Viotto, integrante da ONG e também da Comissão de Proteção e Defesa Animal da OAB, os animais não têm água à disposição, não há sal para complementar a alimentação e nenhuma cobertura para protegê-los do sol. Não foi possível fazer a contagem, mas a ONG estima cerca de 100 animais no local.
Além disso, as várias de carcaças de animais mortos estariam apodrecendo a céu aberto e próximas a várias nascentes de água existentes na propriedade, o que também configura um crime ambiental.
“Essa água das nascentes não é acessível aos bois, pois há barrancos altos, seria necessária a presença de caixas d’água. Além disso, o solo é pobre e o gado precisa de sal. Sem esse sal, os bois lambem as carcaças contaminadas e acabam adoecendo também”, disse Thais Viotto.
Segundo o veterinário Gabriel Lima, também chamou a atenção a total ausência de estrutura para manejo do gado, como um brete para permitir a vacinação, ou um cercado de contenção e aplicação de medicamentos. Segundo ele, a presença de carcaças nas nascentes contamina a água que pode ser consumida por pessoas na sequência do curso d’água.
De acordo com o delegado Giuliano Travain, que comanda a investigação, a polícia confirmou a existência do crime de maus-tratos, mas ainda é necessário o trabalho de confirmação se o rebanho pertence à família Gasparini.
“Há realmente muitos animais magros, doentes, e vários deles mortos a céu aberto. O próximo passo é identificar o responsável por essa situação. Se for da família Gasparini, existe um administrador judicial, alguém que deve ser responsável por manter os animais saudáveis”, disse o delegado.
Travain afirmou que aguarda alguns laudos para definir a tipificação dos crimes, mas admite que há indícios de maus-tratos e de crime ambiental, por causa das carcaças abandonadas perto de nascentes. Pode haver ainda crime sanitário, por exemplo, pela falta de vacinação do rebanho.
“A primeira iniciativa agora, e em caráter de urgência, é se encontrar um meio de cessar essa situação de maus-tratos”, afirmou Travain.
Em nota, a defesa da família Gasparini na área cível disse que “não possui conhecimento específico” sobre o caso, e não confirmou que o gado seja do ex-presidente da Cohab. A nota diz ainda que “todos os bens que foram sequestrados não estão sob administração do Sr. Edison, ou de sua família, mas sim do administrador judicial nomeado pela autoridade judicial”.
A reportagem também tentou contato com o administrador judicial dos seus bens apontado no registro policial, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Fonte: G1