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Os mercados de carbono que financiam a preservação florestal e o plantio de árvores podem, na verdade, piorar as mudanças climáticas, aumentando os riscos de incêndios florestais que emitem níveis massivos de gases de efeito estufa, afirma um novo relatório do Instituto Universitário das Nações Unidas para Água, Meio Ambiente e Saúde (UNU-INWEH), um braço acadêmico da ONU.
“Florestas e turfeiras têm se tornado cada vez mais grandes emissoras de carbono em muitas partes do mundo devido ao aumento dos incêndios florestais”, afirma o relatório, reporta a Scientific American. As políticas climáticas e as atividades de mitigação de carbono “não levam em conta essas emissões substanciais”.
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O relatório destaca as fragilidades da estratégia global central de plantar e proteger árvores para lidar com as mudanças climáticas, que atraiu bilhões de dólares de poluidores que financiam os projetos para compensar suas próprias emissões de carbono. Grande parte do dinheiro vem do mercado voluntário de carbono, um sistema em grande parte não regulamentado cuja integridade tem sido cada vez mais questionada.

Os incêndios florestais de 2023 no Canadá emitiram mais gases de efeito estufa do que o total de emissões industriais de qualquer país do mundo, exceto China e Índia, disse Ju Hyoung Lee, pesquisador da UNU e principal autor do relatório, em uma entrevista de Seul, Coreia do Sul. Sem o monitoramento sistemático das condições florestais, o mercado voluntário de carbono e outras políticas que promovem as florestas “podem, involuntariamente, exacerbar os riscos de incêndios florestais”, afirma o artigo.
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Plantar novas árvores para absorver carbono pode ter o efeito oposto porque o aumento do calor e das emissões de dióxido de carbono devido às mudanças climáticas acelera o crescimento florestal, ao mesmo tempo que reduz a umidade do solo. “Plantar cada vez mais árvores em tal ambiente com o objetivo de mitigação de carbono provavelmente aumentará as emissões de carbono devido a incêndios futuros”, alerta o relatório.
Preocupações com as florestas e suas dinâmicas em mudança existem há mais de uma década, disse Kaveh Madani, diretor da UNU-INWEH, em entrevista de Toronto, Canadá. O relatório espera esclarecer que os programas florestais e padrões de certificação existentes foram desenvolvidos com base em ciência que agora está desatualizada, e os projetos “podem aumentar o risco de aumento de emissões, em alguns casos”. Ele enfatizou, porém, que nem todos os programas florestais no mercado voluntário de carbono e em outros locais criam uma ameaça de incêndio florestal.
O documento defende a reforma do mercado voluntário de carbono e sistemas semelhantes para melhor levar em conta as condições florestais e prevenir consequências não intencionais, incluindo mais incêndios, e pontua que a precipitação, a saúde do solo e a previsão de secas e ondas de calor futuras devem ser consideradas antes da aprovação de projetos florestais “como uma solução para a redução das emissões de carbono”.
Fonte: Um Só Planeta