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Amigo da transexual Milena Massafera, encontrada morta no último fim de semana em Ribeirão Preto (SP), Fabio Jesus diz que ela foi vítima de uma pessoa dominada pelo ódio. Segundo a Polícia Civil, ela tinha ferimentos em várias partes do corpo, provavelmente causados por uma faca.
“A pessoa que matou ela tinha ódio, estava com muito ódio, porque deu muita facada”, diz Fábio, que é presidente da ONG Arco-Íris, atuante pelos direitos da população LGBTQI+.
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Milena, de 34 anos, foi achada morta no sábado (10), no apartamento onde morava na Vila Tibério, zona Oeste da cidade. Amigos desconfiaram da falta de contato dela desde sexta-feira (9), estiveram no local e, como não foram recebidos, avisaram a família.
Ainda no sábado, segundo Fabio, a mãe de Milena e uma amiga estiveram no apartamento e a encontraram morta no quarto.
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De acordo com o boletim de ocorrência, havia sinais de luta corporal no imóvel. Tufos de cabelos e amostras de sangue foram recolhidas pela perícia para análise. Ainda segundo o registro, o autor do crime se lavou antes de deixar o local. O celular e documentos da vítima não foram encontrados.
Violência
Uma das últimas pessoas a ver Milena com vida foi a chef de cozinha Fernanda Oliveira. Milena tinha o hábito de ir ao restaurante da amiga todos os dias para almoçar. Segundo Fernanda, na sexta-feira, ela disse que ficaria em casa para atender um cliente. Como não entrou em contato no sábado para escolher o cardápio e não respondeu a nenhuma das mensagens, a chef decidiu ir ao apartamento.
“Eu fui até o dono do apartamento, que tem um supermercado embaixo [no prédio], e ele me emprestou a chave da portaria. Eu bati no apartamento dela, coloquei o ouvido na porta, ouvi barulho de TV ligada bem baixinho, do ventilador. Eu vi que tinha alguma coisa errada e chamei a polícia.”
Fernanda foi orientada pelos policiais a chamar a família de Milena, porque não podiam arrombar o imóvel sem autorização. Ela entrou em contato com a mãe, acionou um chaveiro, e as duas descobriram o corpo.
“Infelizmente, vimos aquela cena horrível. Eu consegui tirar a mãe dela de lá. A pessoa agiu com muito ódio, a Milena era amiga de todo mundo. Está todo mundo horrorizado, porque ela era uma menina que não dava trabalho. Eu conto com a polícia e com a Justiça para achar a pessoa que fez isso. Foi muita maldade”, diz a chef.
O presidente da ONG Arco-Íris também afirma que Milena não tinha desavenças e que era querida por todos.
“Ela nunca brigou com ninguém, ela sempre foi uma pessoa alegre, ela nunca teve briga com travesti nenhuma, ela não era de briga, ela não gostava, ela nem sabia bater em ninguém, ela era uma boneca praticamente, até tinha medo quando ela atendia cliente, dos clientes machucarem ela.”
Políticas públicas
Fabio Jesus diz que propôs uma audiência pública com representantes dos poderes Executivo e Legislativo para implantar políticas públicas que ajudem pessoas LGBTQI+, principalmente com formação profissional para que elas deixem a prostituição.
“A gente quer criar um programa como o Transcidadania, que tem em São Paulo, que é para que elas voltem a estudar, mas que elas tenham um auxílio para ajudá-las a terminar os estudos, a gente dar cursos profissionalizantes, conseguir que elas entrem no mercado de trabalho, que elas não fiquem nessa vulnerabilidade na questão desse trabalho de profissional do sexo, porque tem muitas que não querem se prostituir, mas são obrigadas a se prostituir porque a sociedade, o mercado de trabalho, não dá oportunidade para elas.”
O caso foi registrado como homicídio. Na sexta-feira, o corpo de uma travesti foi achado no apartamento onde ela morava no bairro Parque Avelino Alves Palma. A Polícia Civil também investiga o assassinato.
Apesar das cricunstâncias semelhantes, a polícia trabalha com a hipótese de que os casos não têm ligação. Até o momento nenhum suspeito foi identificado.
Fonte: G1