24 de novembro, 2024

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Pesquisadores encontram evidências de produção de oxigênio na escuridão total do fundo do mar

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Até hoje, acreditava-se que era preciso luz solar para que os organismos fotossintéticos, como plantas e algas, produzissem o oxigênio que respiramos. Mas novas evidências, publicadas na segunda-feira (22) na revista científica Nature Geoscience, mostraram que o O2 também é produzido na escuridão total no fundo do mar, 4 mil metros abaixo da superfície do oceano, onde nenhuma luz consegue penetrar.

A descoberta, que pode mudar tudo o que sabemos sobre o começo da vida na Terra, foi feita por uma equipe liderada pelo professor Andrew Sweetman, da Associação Escocesa de Ciências Marinhas (SAMS) durante trabalho de campo em um navio no Oceano Pacífico, mais precisamente no leito marinho da Zona Clarion-Clipperton.

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“Para que a vida aeróbica começasse no planeta, tinha que haver oxigênio e nossa compreensão tem sido que o suprimento de oxigênio da Terra começou com organismos fotossintéticos. Mas agora sabemos que há oxigênio produzido no fundo do mar, onde não há luz. Acho que, portanto, precisamos revisitar questões como: onde a vida aeróbica poderia ter começado?”, observou Sweetman em comunicado de imprensa.

Ele e colegas estavam na Zona Clarion-Clipperton para avaliar os possíveis impactos da mineração em alto mar, um processo que extrai nódulos polimetálicos que contêm metais, como manganês, níquel e cobalto, necessários para produzir baterias de íons de lítio para veículos elétricos e celulares.

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Em seu trabalho, os pesquisadores verificaram que esses nódulos carregam uma carga elétrica muito alta, o que poderia levar à divisão da água do mar em hidrogênio e oxigênio em um processo chamado eletrólise da água do mar. Apenas uma voltagem de 1,5 V é necessária para que a eletrólise da água do mar ocorra — a mesma voltagem de uma bateria AA típica.

A equipe analisou vários nódulos e registrou leituras de até 0,95 volts nas superfícies de alguns, o que significa que voltagens significativas podem ocorrer quando eles são agrupados.

“Por meio dessa descoberta, geramos muitas perguntas sem resposta e acho que temos muito o que pensar em termos de como mineramos esses nódulos, que são efetivamente baterias em uma rocha”, disse Sweetman. “Quando obtivemos esses dados pela primeira vez, achamos que os sensores estavam com defeito, porque todos os estudos já feitos no fundo do mar só viram oxigênio sendo consumido em vez de produzido. Nós voltávamos para casa e recalibrávamos os sensores, mas ao longo de 10 anos essas leituras estranhas de oxigênio continuaram aparecendo.”

O professor contou que ele e os colegas decidiram usar um método de backup que funcionasse de forma diferente dos sensores e, quando ambos os métodos retornaram com o mesmo resultado, eles perceberam que estavam diante de “algo inovador e inimaginável”.

Nicholas Owens, diretor do SAMS, destacou que essa esta é a descoberta da produção de “oxigênio escuro” é uma das mais emocionantes na ciência oceânica dos últimos tempos, e exige que se repense como a evolução da vida complexa no planeta pode ter se originado.

“A visão convencional é que o oxigênio foi produzido pela primeira vez há cerca de três bilhões de anos por micróbios antigos chamados cianobactérias e houve um desenvolvimento gradual de vida complexa depois disso”, relatou. “O potencial de que havia uma fonte alternativa exige que repensemos radicalmente.”

Fonte: Um Só Planeta

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