21 de julho, 2025

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Pesquisadores de Botucatu ganham destaque internacional com nova espécie de bagre da Amazônia

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Foi nas águas da bacia do alto rio Xingu (Amazonas) que o grupo de pesquisadores da Unesp de Botucatu (SP), liderados pelo pós-doutorando Gabriel de Souza da Costa e Silva e o cientista Claudio Oliveira, reconhecido mundialmente, descobriram uma espécie inédita que tornou mais rica a biodiversidade nacional e internacional.

A dupla, do Instituto de Biociências (IB) da Unesp de Botucatu (SP), publicaram em abril deste ano, em uma revista científica dos Estados Unidos, o resultado de décadas de pesquisa que apresentou a nova espécie de bagre, chamada Imparfinis arceae.

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O estudo “Integrative Taxonomy Reveals a New Species of Imparfinis (Siluriformes: Heptapteridae) from the Upper Xingu River Basin”, publicado em abril na revista Ichthyology & Herpetology, detalhou a pesquisa que teve início em 2012, quando Claudio Oliveira, atual líder do Laboratório de Biologia e Genética de Peixes do IB-Unesp, participou de uma expedição no Mato Grosso.

“Esse achado ressalta a relevância de preservar áreas que abrigam espécies com distribuição geograficamente restrita, especialmente em um contexto de crescente degradação ambiental. O sul da Amazônia, onde a espécie foi registrada, tem sido fortemente impactado pelo desmatamento e pela perda de habitats naturais, o que torna ainda mais urgente a implementação de estratégias de conservação eficazes”, alerta Gabriel, em entrevista ao g1.

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O cientista Gabriel de Souza, da Unesp de Botucatu, segura um exemplar da nova espécie de bagre; à direita, imagens dos exemplares pesquisados (Foto: Martin I. Taylor/ Silva et al. 2025/Reprodução)

Trajetória

Os dados levantados pelo cientista, em 2012, ficaram armazenados na coleção de peixes do Laboratório de Biologia de Peixes (LBP), em Botucatu. Apenas em 2022, o grupo liderado por Gabriel de Souza da Costa e Silva percebeu a peculiaridade que permitiu o avanço da pesquisa.

“Ao investigarmos a sistemática da família Heptapteridae, especialmente as espécies do gênero Imparfinis, percebemos que o exemplar coletado em 2012 apresentava uma coloração bastante distinta das demais espécies descritas para o gênero”, explicou o pesquisador Claudio.

Espécie Imparfinis arceae, descoberta por pesquisadores da Unesp de Botucatu (SP), é endêmica e exclusiva da bacia do alto rio Xingu (Foto: Silva et al. 2025/Reprodução)

Com isso, foi realizada uma aprofundada investigação, usando dados morfológicos e moleculares desses exemplares para testar a hipótese de que se tratava de uma espécie do peixe bagre que ainda não fora descrita para a ciência, nomeada Imparfinis arceae. O nome, segundo o pesquisador, é em homenagem à uma pesquisadora colombiana que trabalha na Academia de Ciências Naturais da Filadélfia, onde realizou parte do seu pós-doutorado.

No estudo, os pesquisadores apresentam as características físicas e genéticas da nova espécie, destacando as distinções em relação a outros exemplares do mesmo gênero Imparfinis. Eles indicam o grau de parentesco em comparação com as espécies já conhecidas. O sequenciamento de fragmento de DNA das diferentes espécies confirmou a hipótese.

“Existem espécies de bagres que apresentam uma faixa lateral escura, mas não são tão amplas como essa, o que despertou nossa desconfiança”, explicou Gabriel de Souza.

Além disso, o pesquisador explica que os resultados indicam que a nova espécie é endêmica, ou seja, exclusiva da bacia do alto rio Xingu, o que preocupa os especialistas a respeito da preservação da área, que é muito afetada pelo desmatamento.

Para o cientista, reconhecido pelo ranking internacional da plataforma Research.com como um dos mais citados do mundo na área de Biologia e Bioquímica, a descoberta demonstra um protagonismo da Unesp como centro de excelência em pesquisas sobre biodiversidade neotropical. Esse protagonismo é ainda mais especial, segundo ele, na área de sistemática e evolução de peixes.

“Sempre quis trabalhar na área de pesquisa em biologia de peixes e a UNESP, através de sua infraestrutura e disponibilidade para pesquisa, foi fundamental para o desenvolvimento de nossos trabalhos”, finaliza.

Pesquisador de Botucatu (SP) reconhecido mundialmente lidera descoberta de bagre na Amazônia (Foto: Silva et al. 2025/Reprodução)

Fonte: G1

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