Anúncios
Após quinze anos de estudos e testes, o Brasil está se preparando para ser o único país do mundo a produzir o soro contra múltiplas picadas de abelhas, chamado de antiapílico.
Apesar de já haver muitos tratamentos contra múltiplas picadas de abelha, o soro, coletado do veneno delas, é o único capaz de eliminar a toxina do veneno injetado pelo inseto no corpo humano.
Anúncios
“Fizemos testes em pacientes que foram atingidos por múltiplas abelhas. A primeira pessoa a tomar o soro estava muito mal, não estava reagindo aos medicamentos. Foi aí que o Hospital de Clínicas de Botucatu (um dos centros que realiza a pesquisa do soro) entrou em contato com a paciente. E a família autorizou o uso. O mais incrível é que ela fala que é como se tivessem tirado a dor que ela tava sentindo com as mãos”, disse Ricardo Orsi, professor da Unesp de Botucatu.
A expectativa é de que esse soro seja liberado ainda esse ano para que os hospitais tenham acesso ao medicamento e possam, assim, ter uma aliado importante no caso de acidentes graves envolvendo abelhas.
“Quem recebe poucas picadas, com um antialérgico já melhora, não tem necessidade do soro. Agora pessoas que receberam múltiplas picadas e correm risco de morte pela toxina recebem o medicamento”, afirma o pesquisador.
Enxame de abelhas no galho de uma árvore na Universidade Estadual de Londrina (UEL) — Foto: Reprodução/RP
Anúncios
O estudo
Para coletar a toxina da abelha sem matar o inseto, foram instalados aparelhos especiais que disparavam um tipo de choque nas abelhas.
“Quando elas passavam pelo sensor perto da colmeia, elas levavam uma descarga pequena que fazia com que elas contraíssem a musculatura do corpo. Com isso, saia a toxina. Fazíamos isso em centenas delas até chegar a uma quantidade significativa para análise.
Para saber a efetividade da fórmula, foram coletadas as toxinas em horários e épocas do ano diferentes para garantir que o soro sempre teria o mesmo potencial.
Como viver em segurança com as abelhas:
Precisamos lembrar sempre que as abelhas são as grandes polinizadoras da natureza. Afinal, sem elas, não teríamos os alimentos e frutas que consumimos diariamente. Por isso, saber viver em harmonia e segurança com elas é de extrema importância para os seres humanos.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Todos os anos cerca de 50 pessoas morrem no Brasil por causa do ataque de abelhas. Para Ricardo, os meses de janeiro até março são os mais preocupantes. Muita gente vai fazer trilha e esbarra em uma colmeia. Ou então, algo cai em cima delas e o enxame ataca. O mais importante é observar e manter distância. Caso você seja atacado, uma dica do pesquisador, por mais estranho que pareça, é correr em zigue-zague porque isso confunde os insetos.
Todos os anos cerca de 50 pessoas morrem no Brasil por causa do ataque de abelhas. — Foto: Rudimar Narciso Cipriani/Acervo Pessoal
Segundo o professor da Unesp, se houver água por perto, dependendo do contexto, ela também pode ser uma aliada.
“Quando uma abelha pica uma pessoa, ela libera o feromônio ,que atrai mais desses insetos que vão atrás da pessoa atingida. Por isso, pular na água, por exemplo, pode ajudar, já que quando a pessoa mergulha ela libera um pouco desse feromônio e faz com que o número de abelhas seja menor. Mas vale lembrar que é preciso conhecer o lugar, porque às vezes há lagos profundos com risco de afogamento ou com bichos agressivos como piranhas. O contexto precisaria ser bem avaliado para a tomada de qualquer decisão”, explica.
O especialista ainda diz que a melhor estratégia é procurar um lugar fechado, como o carro ou até mesmo dentro de casa. “Se você conseguir ser rápido, mesmo que algumas abelhas ainda entrem o carro ou em casa, vai ser melhor do que várias”, reforça.
É importante alertar que, no caso de acidente, o ideal é procurar atendimento médico especializado e, se forem múltiplas picadas, com urgência. É importante ressaltar ainda que, caso alguma colmeia seja localizada e represente perigo, o Corpo de Bombeiros da sua cidade deve ser acionado para isolar o local.
Fonte: G1