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Eles enfrentaram as águas turbulentas antes que chegasse a ajuda oficial, e agora centenas de pescadores indianos, cuja comunidade com frequência é marginalizada, são aclamados por seu heroísmo durante a tragédia que atingiu o estado de Kerala.
O ministro indiano do Turismo, K.J. Alphons, elogiou a atitude dos pescadores considerando-os “os maiores heróis” durante o fenômeno meteorológico que atingiu essa região do sul da Índia. O governador local, Pinarayi Vijayan, prometeu-lhes indenizações pelos danos sofridos e pelo combustível usado em suas embarcações, assim como uma cerimônia em homenagem por sua conduta.
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Contudo, Robin Richard e outros pescadores de portos, como os de Kollam, recebem esse entusiasmo com certo receio, pois sua comunidade é desprezada por muitas pessoas em Kerala.
“Quando sofremos um ciclone no ano passado, ninguém se importou com o nosso destino, mas agora a atitude geral mudou de maneira repentina”, afirmou Richard à AFP.
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Centenas de embarcações tradicionais, em sua maioria de madeira, zarparam da cidade turística de Quilon, na costa de Kerala, para as áreas inundadas após os pedidos de ajuda lançados na semana passada.
‘Heróis’
“No auge das operações, 150 tripulantes trabalharam de forma incansável aqui”, afirmou à AFP um funcionário da região de Alappuzha, uma das mais atingidas pelas inundações.
Aos 50 anos, Michael Solomon, que pesca há 40, comenta que seus colegas e ele transportaram seus barcos, de seis metros de comprimento, em caminhões até as áreas inundadas.
Muitos barcos ficaram danificados ao bater em automóveis e outros obstáculos espalhados nas estradas alagadas, e inclusive alguns se chocaram em casas.
Manoj Francis, colega de Solomon no porto de Kollam, se surpreendeu ao ver as casas inundadas.
“Houve muita destruição, as pessoas fugiam da água subindo nos telhados de suas casas e, em alguns lugares, edifícios inteiros ficaram submersos”, destaca.
As aldeias e os povoados inundados se tornaram uma espécie de labirinto percorrido pelos pescadores durante horas, em várias ocasiões antes da chegada da ajuda oficial.
Essas operações de resgate improvisadas foram muito apreciadas pelos moradores.
“Alguns viajaram 120 quilômetros até Chengannur para salvar as vidas dos danificados, às vezes desafiando a morte, por conta do dilúvio. Isso é motivo de um grande respeito”, escreveu Rajiv B. Menon no Twitter.
“Eles chegaram como salvadores, nenhum funcionário do governo local se aproximou ou nos avisou com antecedência” sobre a meteorologia, afirmou Ravindran Achary, de 62 anos, patriarca de uma família de nove pessoas que atualmente se encontra em um abrigo em Cochin.
Agora, os pescadores esperam que seus esforços não caiam no esquecimento à medida que diminua o nível da água e retomem a vida normal depois das inundações, que deixaram mais de 400 mortos e milhares de deslocados.
“Espero que o governo cumpra com a sua promessa e conserte os barcos, posto que um barco é nosso único meio de vida”, destaca Michael Solomon.
Fonte: Yahoo!