07 de setembro, 2024

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Peru anuncia investigação contra presidente por genocídio após 40 mortes em protestos

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A promotoria peruana informou na noite desta terça-feira que investigará a presidente Dina Boluarte pelos supostos crimes de “genocídio, homicídio qualificado e ferimentos graves” durante manifestações antigovernamentais nas regiões de Apurímac, La Libertad, Puno, Junín, Arequipa e Ayacucho, que deixaram pelo menos 40 mortos em um mês.

“A Promotoria da Nação ordenou iniciar uma investigação preliminar contra a presidente Dina Boluarte; o presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otárola; o ministro do Interior, Víctor Rojas; o ministro da Defesa, Jorge Chávez”, disse o órgão no Twitter.

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Mais cedo, foi imposto um toque de recolher na região andina de Puno, no Sul, para conter os protestos contra Boluarte, enquanto o novo Gabinete foi ao Congresso se submeter a um voto de confiança, um dia após enfrentamentos entre manifestantes e forças de segurança deixarem ao menos 18 mortos e mais de 70 feridos.

— Foi aprovado um decreto supremo do Conselho de Ministros que declara o toque de recolher em Puno por um período de três dias, das 20h às 4h — anunciou o primeiro-ministro Alberto Otárola perante o Congresso.

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O epicentro dos protestos é a região aimará de Puno, na fronteira com a Bolívia, onde milhares de manifestantes a favor do ex-presidente Pedro Castillo entraram em confronto com agentes de segurança do Estado na noite de segunda-feira durante uma tentativa de invasão ao Aeroporto Internacional Inca Manco Cápac em Juliaca.

Deputada peruana segura placa com os dizeres ‘Gabinete da Morte’ durante sessão plenária do Congresso, em Lima (Foto: Reprodução)

Segundo a Ouvidoria, 14 pessoas morreram no local, incluindo jovens de até 23 anos e um adolescente de 17. Outros três morreram durante um saque a um shopping center na mesma região. Um policial também foi encontrado incinerado dentro de sua própria viatura. A casa do deputado Jorge Flores Ancachi, de direita, foi incendiada durante a madrugada, mas não houve feridos nem mortos.

O governo justificou as ações da polícia e dos militares que guardavam o terminal aéreo dizendo que foi em resposta a “um motim” preparado por milhares de manifestantes. “Mais de 9 mil pessoas se aproximaram do aeroporto de Juliaca e cerca de 2 mil delas iniciaram um ataque impiedoso contra a polícia e as instalações, utilizando armas improvisadas e pólvora, criando uma situação extrema”, afirmou.

As mortes agravaram a indignação nas cidades de Puno e Juliaca, a cerca de 1.300 quilômetros de Lima, cujos habitantes estão em greve há uma semana e mantêm o comércio fechado. Um enterro coletivo das vítimas foi organizado na tarde desta terça-feira, segundo relatos publicados nas redes sociais.

Mais cedo, a ONU também exortou o governo de Dina Boluarte a respeitar os direitos humanos e evitar o uso desproporcional da força na repressão aos protestos.

“Pedimos às autoridades e forças de segurança que tomem medidas urgentes para garantir o respeito aos direitos humanos, incluindo o direito à manifestação pacífica”, disseram as agências, fundos e programas da ONU no Peru em um comunicado conjunto divulgado pelo Twitter. A ONU também pediu ao governo “que observe os padrões e normas aplicáveis ao uso de armas contra os manifestantes; e facilite uma solução pacífica e negociada para a crise”.

A Defensoria do Povo referiu-se ao caso como um crime grave e exigiu que o Ministério Público realize as investigações necessárias para identificar os responsáveis pelas mortes e feridos, “em cumprimento do dever de garantir e proteger os direitos fundamentais de todas as pessoas”.

“A tomada de aeroportos, o assalto a outras pessoas, incluindo agentes da lei, o impedimento da circulação de ambulâncias e todas as formas de ataque contra a propriedade pública ou privada constituem crimes graves que não fazem parte do direito de protesto”, defendeu em nota.

Nesse sentido, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), informou que visitará o país entre quarta e sexta-feira “para observar a situação dos direitos humanos”. A visita inclui paradas em Lima e outras cidades para “dialogar e receber informações de diversos setores”, acrescentou o órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Luto nacional

Em resposta aos tumultos, Lima também decretou luto nacional nesta quarta-feira e anunciou a criação de um programa de apoio às famílias dos que morreram durante as manifestações de segunda, no intuito de “mitigar a dor das famílias das pessoas que perderam a vida ou ficaram gravemente feridas durante os ataques e motins”, segundo Otárola.

— Para o efeito, foi nomeada uma comissão especial que deverá apresentar, com a maior brevidade possível, todo o processo de registo, qualificação e reconhecimento oficial das vítimas, bem como a natureza e valor da indemnização, que, no entanto, será sempre insuficiente dada a importância do direito à vida — afirmou.

A Superintendência de Transporte Terrestre de Pessoas, Cargas e Mercadorias relatou bloqueios e trânsito interrompido por piquetes em seis regiões nesta terça: Puno, Cusco, Apurímac, Arequipa, Madre de Dios e Amazonas. Na região de Ayacucho, também no Sul, milhares de pessoas marcharam pelas ruas da cidade de Huamanga pedindo a renúncia de Dina Boluarte, novas eleições e a convocação de uma Assembleia Constituinte, principais reivindicações dos protestos, iniciados em 7 de dezembro, após Castillo ser destituído e preso, acusado de golpe de Estado.

Apesar do clima de tensão, Otárola apresentou seus ministros ao Congresso nesta terça-feira para pedir um voto de confiança para a posse, uma exigência constitucional para continuar no cargo, assumido em 21 de dezembro. No Parlamento, ele defendeu a integridade do governo de transição da presidente Dina Boluarte.

— Esse governo não vai ceder à chantagem da violência — enfatizou. — Esse novo tumulto não enfraquece o governo. É mais uma prova que saberemos superar em prol do objetivo maior de defender a democracia, o direito à paz da maioria dos peruanos e o princípio da autoridade.

Boluarte serviu como vice-presidente até 7 de dezembro, quando o Congresso removeu Castillo depois que ele tentou fechar o Parlamento, intervir no sistema judicial e governar por decreto. O ex-presidente, que estava sendo investigado por corrupção, cumpre 18 meses de prisão preventiva acusado de rebelião. Embora se considere de esquerda, Boluarte é vista como “traidora” pelas comunidades e militantes que apoiam Castillo. Os setores da direita que antes promoviam sua queda agora a apoiam.

Fonte: Yahoo!

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