O texto foi aprovado por 53 votos a favor e 16 contra. Para a aprovação, eram necessários três quintos (49) dos votos dos 81 senadores. A sessão do Congresso Nacional destinada à promulgação está marcada para as 9h desta quinta-feira (15).
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No último dia 30, a PEC já havia sido aprovada em primeiro turno pelo Senado, por 61 votos a 14. Mas, por se tratar de uma mudança na Constituição, o texto ainda precisava passar por uma segunda votação.
Votos favoráveis diminuíram
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Pró e contra
A proposta foi enviada pelo Palácio do Planalto ao Congresso em junho e, ao lado da reforma da Previdência, é considerada por governistas como essencial para o reequilíbrio das contas públicas.
Senadores da oposição chamam a proposta de “PEC da maldade” porque, na visão deles, a medida vai congelar investimentos nas áreas de saúde e educação, o que os governistas negam.
Os oposicionistas citaram pesquisa Datafolha, divulgada pelo jornal “Folha de S. Paulo”, segundo a qual 60% dos entrevistados se posicionaram contra a PEC do teto.
Protestos contra a medida foram registrados em vários estados. Em Brasília, a Polícia Militar fechou os acessos ao Congresso Nacional.
Destaques
Depois de aprovado o texto-base, os senadores analisaram dois destaques (alterações) para retirar, do teto de gastos, despesas com reajustes do salário mínimo e investimentos em saúde e educação.
Para defender a retirada dos investimentos em saúde do teto de gastos, senadores da oposição chegaram a citar uma declaração do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
O tucano afirmou que se não houver aumentos de investimentos na área, acima da inflação, nos próximos 20 anos, a conta “não fecha”.
Os destaques foram rejeitados e o texto foi mantido na forma em que foi aprovado pela Câmara dos Deputados.
Bate-boca
Adversários do Palácio do Planalto protagonizaram discussões com governistas durante a sessão.
Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, por ter realizado três sessões em único dia para acelerar a tramitação e permitir a votação da PEC nesta terça-feira.
O peemedebista negou que estivesse “atropelando” e lembrou que Lindbergh participou de reunião que acordou o calendário de votação. Já Fátima Bezerra (PT-RN) e José Medeiros (PSD-MT) trocaram ofensas durante debate da proposta.
Defensor da proposta, o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) afirmou em plenário que a medida é necessária para a recuperação da crise econômica. Ele rebateu acusações da oposição de que os investimentos em saúde e educação serão reduzidos com a implementação da PEC.
“A medida proposta pelo governo deixa claro os valores mínimos que devem ser investidos em saúde e educação”, disse. “Nada impede que o governo gaste mais que a inflação nessas áreas, mas, para isso, terá que cortar de outro lugar”, completou.
Parlamentares da oposição, por outro lado, argumentam que a PEC trará consequências negativas à população, principalmente aos mais pobres, com cortes de gastos saciais e serviços públicos.
Senadores do PT foram além das críticas à proposta e, quatro dias após a divulgação de informações de delação de ex-executivo da Odebrecht, também pedem a renúncia do presidente Michel Temer e a convocação de eleições diretas.
“Falta a ele [Temer] e ao seu governo condições políticas para continuar governando”, afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE).
As regras da PEC do teto de gastos
Confira abaixo os principais pontos da PEC do teto de gastos.
- As despesas da União (Executivo, Legislativo e Judiciário e seus órgãos) só poderão crescer conforme a inflação do ano anterior;
- A inflação para 2017, que servirá de base para os gastos, será de 7,2%;
- Nos demais anos de vigência da medida, o teto corresponderá ao limite do ano anterior corrigido pela inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA);
- Se um poder desrespeitar o limite, sofrerá sanções no ano seguinte, como a proibição de realizar concursos ou conceder reajustes;
- Se um poder extrapolar o teto, outro poder deverá compensar;
- Os gastos com saúde e educação só serão enquadrados no teto de gastos a partir de 2018;
- Com relação aos gastos mínimos em saúde, o texto prevê que passem em 2017 dos atuais 13,7% para 15% da receita corrente líquida (somatório dos impostos descontadas as transferências previstas na Constituição). E que, a partir de 2018, esses investimentos se enquadrem no teto de gastos, sendo corrigidos pela inflação.
- Ficam de fora das novas regras as transferências constitucionais a estados e municípios, além do Distrito Federal, os créditos extraordinários, as complementações do Fundeb, gastos da Justiça Eleitoral com eleições, e as despesas de capitalização de estatais não dependentes;
- A partir do décimo ano de vigência do limite de gastos, o presidente da República poderá um projeto de lei ao Congresso para mudar a base de cálculo.
Confira como votaram os senadores
Votaram a favor da PEC:
- Aécio Neves – PSDB-MG
- Aloysio Nunes – PSDB-SP
- Alvaro Dias – PV-PR
- Ana Amélia – PP-RS
- Antonio Anastasia – PSDB-MG
- Antonio Carlos Valadares – PSB-SE
- Armando Monteiro – PTB-PE
- Ataídes Oliveira – PSDB-TO
- Benedito de Lira – PP-AL
- Deca – PSDB-PB
- Cidinho Santos – PR-MT
- Ciro Nogueira – PP-PI
- Cristovam Buarque – PPS-DF
- Dalirio Beber – PSDB-SC
- Edison Lobão – PMDB-MA
- Eduardo Amorim – PSC-SE
- Eduardo Braga – PMDB-AM
- Elmano Férrer – PTB-PI
- Eunício Oliveira – PMDB-CE
- Fernando Bezerra Coelho – PSB-PE
- Flexa Ribeiro – PSDB-PA
- Garibaldi Alves Filho – PMDB-RN
- Gladson Cameli – PP-AC
- Hélio José – PMDB-DF
- Ivo Cassol – PP-RO
- José Agripino – DEM-RN
- José Aníbal – PSDB-SP
- José Maranhão – PMDB-PB
- José Medeiros – PSD-MT
- Lasier Martins – PDT-RS
- Lúcia Vânia – PSB-GO
- Magno Malta – PR-ES
- Marta Suplicy – PMDB-SP
- Omar Aziz – PSD-AM
- Otto Alencar – PSD-BA
- Pastor Valadares – PDT-RO
- Paulo Bauer – PSDB-SC
- Pedro Chaves – PSC-MS
- Pinto Itamaraty – PSDB-MA
- Raimundo Lira – PMDB-PB
- Reguffe – Sem Partido-DF
- Ricardo Ferraço – PSDB-ES
- Roberto Muniz – PP-BA
- Romero Jucá – PMDB-RR
- Ronaldo Caiado – DEM-GO
- Sérgio Petecão – PSD-AC
- Simone Tebet – PMDB-MS
- Tasso Jereissati – PSDB-CE
- Telmário Mota – PDT-RR
- Valdir Raupp – PMDB-RO
- Vicentinho Alves – PR-TO
- Waldemir Moka – PMDB-MS
- Wellington Fagundes – PR-MT
Votaram contra a PEC:
- Angela Portela – PT-RR
- Dário Berger – PMDB-SC
- Fátima Bezerra – PT-RN
- Gleisi Hoffmann – PT-PR
- Humberto Costa – PT-PE
- João Capiberibe – PSB-AP
- Jorge Viana – PT-AC
- José Pimentel – PT-CE
- Kátia Abreu – PMDB-TO
- Lídice da Mata – PSB-BA
- Lindbergh Farias – PT-RJ
- Paulo Paim – PT-RS
- Paulo Rocha – PT-PA
- Regina Sousa – PT-PI
- Roberto Requião – PMDB-PR
- Vanessa Grazziotin – PCdoB-AM
Fonte: G1