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Uma extensa parede de pedra, erguida há cerca de 7 mil anos e hoje submersa ao largo da costa oeste da França, acaba de ser oficialmente identificada por uma equipe de arqueologia subaquática. A estrutura, encontrada próxima à Île de Sein, na Bretanha, possui cerca de 120 metros de comprimento e está acompanhada de pelo menos uma dúzia de outras construções menores do mesmo período. Detalhes do achado foram compartilhados na terça-feira (9) no periódico International Journal of Nautical Archaeology.
As estruturas foram originalmente detectadas em 2017, quando o geólogo aposentado Yves Fouquet percebeu padrões incomuns em mapas do fundo marinho obtidos por varredura a laser. Entre 2022 e 2024, mergulhadores confirmaram a existência dos alinhamentos de granito a cerca de nove metros de profundidade. “Mas o que não esperávamos encontrar eram estruturas tão bem preservadas”, destaca o especialista, em entrevista à agência France-Presse (AFP).
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Função ainda em debate
Datadas entre 5.800 e 5.300 a.C., as construções são de um período em que o nível do mar era significativamente mais baixo. Os pesquisadores acreditam que a parede e as estruturas associadas possam ter funcionado como armadilhas de pesca ou como muros de contenção erguidos para lidar com a progressiva elevação das águas durante o Holoceno.
Para Yvan Pailler, professor de arqueologia da Universidade da Bretanha Ocidental e coautor do estudo, o achado representa um marco para a arqueologia subaquática. “Esta é uma descoberta muito interessante que abre novas perspectivas, ajudando-nos a compreender melhor como as sociedades costeiras se organizavam”, declarou, também à AFP.
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O levantamento técnico indica que as comunidades neolíticas possuíam meios para extrair, transportar e posicionar blocos de granito pesando várias toneladas. Essa habilidade é comparável à empregada séculos depois na construção de monumentos megalíticos característicos da Bretanha, tal qual o famoso Stonehenge, em Salisbury.
Segundo destaca a pesquisa, porém, esse repertório técnico antecede em vários séculos as primeiras arquiteturas megalíticas da região. Isso sugere que formas complexas de organização social e divisão de trabalho já estavam bastante consolidadas entre grupos costeiros.
Tal descoberta reforça a hipótese de que paisagens hoje submersas possam guardar capítulos fundamentais da pré-história europeia, em particular, sobre a capacidade de adaptação humana às mudanças ambientais aceleradas. Veja imagens capturadas no sítio arqueológico submerso:




Fonte: Galileu