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Uma proposta apresentada pela União Europeia em 2023 pare rebaixar o status de proteção dos lobos foi aceita esta semana por membros do Comitê Permanente da Convenção de Berna. Com isso, o animal passará de “estritamente protegido” para “protegido”, o que dá mais liberdade aos fazendeiros do continente para atirar nos animais. A alteração entrará em vigor em 7 de março de 2025.
“Notícias importantes para as nossas comunidades rurais e agricultores. A Convenção de Berna decidiu ajustar o estatuto de proteção dos lobos. Porque precisamos de uma abordagem equilibrada entre a preservação da vida selvagem e a proteção dos nossos meios de subsistência”, declarou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, em comunicado.
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A aprovação, inclusive, é uma vitória particular para von der Leyen, que fez campanha para que fosse aprovada pelo fato de sua pônei de estimação, chamada Dolly, ter sido morta por um lobo em 2022.
Proteção ao gado
Reportagem do The Guardian destaca que a medida foi tomada para proteger o gado – estima-se que os lobos matam 65 mil animais por ano que deveriam ser abatidos para consumo humano. Mas enquanto fazendeiro e caçadores comemoram, conservacionistas ficaram indignados.
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“Isso é um sinal verde para atirar em lobos, dado pela comunidade internacional com luvas brancas”, disse Marta Klimkiewicz, da ClientEarth. “Não é apenas uma sentença de morte para muitos lobos, mas uma ameaça a outras espécies protegidas em toda a Europa. Remover a salvaguarda crucial da Convenção de Berna abre caminho para minar os próprios fundamentos da estrutura de conservação da natureza da UE e para uma erosão ainda maior da proteção das espécies.”
Sabien Leemans, da filial europeia do WWF, acrescentou: “Rebaixar o status de proteção estrita de uma espécie para o ganho político de alguns, contra evidências científicas, coloca décadas de esforços de conservação em risco.”
Ela ainda enfatizou que a Comissão Europeia provavelmente proporá a mesma mudança à principal Diretiva Habitats da UE, com potenciais consequências negativas muito além dos lobos. “Estaremos observando esse processo de perto e pedindo aos formuladores de políticas da UE que coloquem a ciência de volta no debate”, salientou.
“Em vez de investir em medidas de coexistência baseadas na ciência entre humanos e vida selvagem, os líderes escolheram uma narrativa política que usa a vida selvagem como bode expiatório para desafios sociais mais amplos. Rebaixar os lobos não resolverá os desafios enfrentados pelas comunidades rurais, mas estabelece um precedente perigoso: decisões moldadas pelo populismo em vez da ciência”, complementou Sofie Ruysschaert, do BirdLife Europe and Central Asia.
Lobos ameaçados
Nos séculos 19 e 20, houve uma diminuição importante nas populações de lobos na Europa. Contudo, a situação mudou nas últimas décadas, pois os governos protegeram habitats e mantiveram os caçadores afastados. Atualmente, a projeção é de que 20 mil lobos vivem no continente.
Ainda assim, avaliações da Large Carnivore Initiative for Europe (LCIE) sugerem que cinco populações estão quase ameaçadas e uma é vulnerável.
Grupos conservacionistas propuseram que, em vez de matar os lobos, as pessoas obtenham cães de guarda e instalem cercas elétricas em suas propriedades. Também alertaram que o abate pode prejudicar o próprio gado ao desorganizar matilhas e forçar lobos solitários a irem para fazendas para caçar.
Fonte: Um Só Planeta – Foto: Pexels