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O amor tem levado o padre Roberto Francisco Daniel mais conhecido como Padre Beto, a muitos lugares do Brasil, e um deles é a cidade de Botucatu. Nesta quarta-feira (14), ele realiza na cidade mais um casamento homoafetivo de sua carreira. Dessa vez, ele irá celebrar e abençoar a união dos cabelereiros Gabriel Dias Verdelho (22) e Juliano Roberto Paulino (31).
Padre Beto foi excomungado em abril de 2013 pela Diocese de Bauru (SP), após divulgar vídeos na internet onde defendia temas polêmicos, como a união entre homossexuais, fidelidade e necessidade de mudanças na estrutura da Igreja Católica. Desde então faz casamentos pelo Brasil entre homossexuais. O primeiro foi em 2014 na cidade de Jaú (SP), e o último foi em Trancoso (BA).
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O sacerdote falou da felicidade em realizar mais um casamento de pessoas que se amam. “Para mim é uma alegria muito grande fazer desse momento deles um momento santo, sagrado. Ao mesmo tempo em que é para mim uma alegria poder mostrar para a sociedade que os homossexuais são pessoas que têm o direito de se amarem e serem felizes” frisa.
Os noivos – Gabriel (22 anos) e Juliano (31 anos) se conheceram por uma rede social há dois anos: “Nos conhecemos através de nossos perfis em uma rede social há dois anos. O Juliano morava aqui em Botucatu, e eu na cidade de Jaú. Foi tudo bem programado. Agora em junho, completará 2 anos que estamos juntos”, contou Gabriel.
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História
Padre Beto, de 51 anos, se formou em Teologia e realizou seu doutorado na área na Alemanha. O sacerdote afirma que quando entrou para o seminário a igreja era mais liberal. “Quando entrei para o seminário, tínhamos uma igreja fundamentada na teoria da libertação, com uma tinha uma característica que permitia o debate, principalmente com a Comunidade. Mas ela mudou muito e foi se fechando”, explicou.
O padre afirma sempre ter tido uma atitude de confrontação para tentar entender os equívocos da Igreja Católica. “Eu sempre estive aberto para discutir questões sobre viciadas dos jovens, o divórcio e a homossexualidade que são coisas presentes na humanidade, mas comecei a incomodar o bispo da época”, conta.
Poucos sabem, mas a excomunhão não tira o título de padre de alguém. E por isso mesmo tendo sido excomungado, Roberto Francisco Daniel, continua sendo padre, até mesmo perante a Igreja Católica. “Tornei-me um padre excluído, mas continuo sendo padre. Hoje sou padre da Humanidade Livre (leia abaixo)”, explica Beto.
Ele ainda ressalta que o amor ultrapassa qualquer limite de estereótipo. “O amor para mim é um sentimento que surge entre pessoas e faz com que elas sintam a necessidade de permanecerem juntas, e ao mesmo tempo ver o sorriso estampado no rosto do outro”, refletiu.
Coagido a pedir perdão
O padre teria sido coagido a pedir perdão por aceitar relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo. “Como eu posso pedir perdão se eu acho que temos que discutir problemas que a igreja tem? Acho que temos que discutir com o povo de Deus. Eu me recusei a pedir perdão e fui excomungado”, lembra.
Após deixar a igreja, o padre começou a celebrar a união de pessoas divorciadas e, principalmente, de pessoas do mesmo sexo. “Eu acredito no princípio do amor ao próximo. O homossexual só se realiza se ele viver sua opção sexual. Ele ama, e pode ter um casamento feliz vivendo com o mesmo sexo. Se a igreja não aceita isso, ela está pecando porque vai contra o amor ao próximo”, diz.
Humanidade Livre
“A Humanidade Livre nasceu sem dogmas, preceitos, doutrinas ou regras morais e será sempre assim. É apenas um lugar onde todo ser humano possa se encontrar e seguir a Jesus Cristo praticando a sua fé”, afirma padre Beto.
“Procuramos um local diferente dos salões que abrigam as igrejas, algo alternativo, descontraído, sem padronização alguma, mas com cara de família, algo aconchegante”, explica o padre Beto.
As celebrações realizadas pelo padre Beto têm arrebatado muitos seguidores, tanto que a Diocese do Divino Espirito Santo de Bauru, prevendo a criação de uma nova igreja pelo religioso, pediu para que seus fiéis não frequentassem e nem participassem de possíveis “atos de cultos” realizados por ele. Apesar da recomendação, alguns católicos continuaram a ir ao culto.
Casamentos homoafetivo crescem cinco vezes mais que união heterossexual, segundo IBGE.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a união legal entre pessoas de sexo diferentes aumentou 2,7% em um ano. Quando se trata de pessoas do mesmo sexo, esse aumento é de 15,7% no período de 2015 com 2014 e aponta que o casamento homoafetivo cresceu cinco vezes.
A média de idade na comparação entre homens e mulheres para o momento de dizer o “sim” varia um pouco. Gays se casam entre 31 e 36 anos e as lésbicas, na faixa de idade de 32 a 34 anos. Nas relações heterossexuais, essa média é um pouco menor, e aparece em 27 anos para as mulheres e 30 anos para os homens.
Fonte: Assessoria