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A jovem Adrielli Rodrigues, de 22 anos, morta com quatro tiros no peito em São Manuel (SP), não costumava relatar aos pais as agressões que sofria do ex-namorado, segundo o padrasto Fabiano Viana da Costa.
A vítima foi baleada após sair da delegacia e registrar queixa contra o ex-namorado Cristiano Gomes, na quinta-feira (14). Ela estava em uma moto, quando foi atingida pelos disparos na quadra 1 da Rua Francisco da Cruz Mellão. O rapaz está preso.
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Adrielli chegou a ser socorrida e encaminhada para o Hospital das Clínicas de Botucatu, mas não resistiu aos ferimentos.
Ainda de acordo com Fabiano, ele está casado com a mãe de Adrielli há 14 anos e considerava ela como uma filha. O padrasto conta que percebia que havia algo de errado no relacionamento da jovem com Cristiano.
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“Não era tudo que ela contava. Às vezes, a gente ficava sabendo, notava alguma coisa que ela não queria falar. A gente perguntava para ela e ela falava: ‘eu bati ali no guarda-roupa’. Falava que o olho estava vermelho de tanto coçar. Ficava sofrendo calada”, lembra o padrasto.
Fabiano ainda relembra quando no início do relacionamento Adrielli chegou a contar à mãe que tinha sido agredida. Mas mesmo assim, continuou com o namoro e não passou a relatar todas as agressões.
“Teve um dia que ela chegou umas 2h da manhã correndo em casa. Eu escutei bater o portão e ela falar para a mãe dela que ele tinha a agredido. Este dia, ele só não matou ela porque Deus não quis”, lamenta Fabiano.
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Cristiano Gomes foi preso na sexta-feira (15) escondido em uma casa em São Manuel. Ele teve a prisão preventiva decretada e segue detido na cadeia de Itatinga. O homem vai ser investigado por feminicídio e, se condenado, pode pegar de 12 a 30 anos de prisão.
À polícia, Cristiano chegou a confessar o crime e disse que estava arrependido. Além disso, relatou que Adrielli tinha estragado a vida dele, segundo o delegado Lourenço Talamonte Netto.
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De acordo com o padrasto, os pais já tinham alertado Adrielli sobre o perigo do relacionamento, pois descobriram que Cristiano sempre foi agressivo e tinha quatro armas de fogo em casa. “Ele gostava de intimidar, causar confusão”, relata Fabiano.
O padrasto também contou que as amigas percebiam como Adrielli ficava diferente na ausência do namorado.
“Antes ela gostava de sair, dava risada, brincava com todo mundo e era simpática. No entanto, quando estava perto dele, vivia de cabeça baixa, trancada no quarto”, diz.
Medida protetiva
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Quinze dias antes do assassinato, Adrielli tinha registrado um boletim de ocorrência contra o ex-namorado e pedido uma medida protetiva. A medida foi concedida a ela, mas o suspeito continuou a perturbando, segundo o delegado.
No dia do crime, a jovem tinha voltado à delegacia para denunciar o descumprimento da medida protetiva, mas não tinha provas contra o suspeito.
“Ela alegou que ele não estava cumprindo a medida, mas ela não tinha provas. Então foi feito boletim de ocorrência. A delegada tomou as providências que cabiam no momento. Nesse caso, cabe uma prisão preventiva, só que o Judiciário teria que analisar primeiro”, informa o delegado.
Minutos antes de ser assassinada, Adrielli mandou uma foto do ex-namorado à mãe, como prova de que ele a perseguia. “Ele arrancou um pedaço de mim”, lamenta a mãe de Adrielli, Kate Cilene Roberta da Cruz.
A jovem tinha uma irmã de 8 anos que, segundo o padrasto de Adrielli, era muito apegada a ela. “Nem sei como ela vai reagir amanhã, depois de amanhã, daqui um mês. Não é fácil”, admite Fabiano.
Adrielli foi enterrada no sábado (16) no Cemitério Municipal sob forte comoção. “Ela era a coisa mais importante da minha vida. Mas, eu quero olhar para frente, lembrar dela como a menina maravilhosa que ela era, extrovertida, sempre feliz”, desabafa a mãe.
Fonte: G1