24 de novembro, 2024

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Os 5 países que fabricam 75% das armas do mundo (e seus maiores compradores)

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Cinco países controlam três quartos do mercado de vendas de armas no mundo. O último relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês) aponta que Estados Unidos, Rússia, França, Alemanha e China responderam, nesta ordem, por 75% das exportações de armas no período entre 2014 e 2018.

Os Estados Unidos não apenas lideram a lista como estão bem à frente da Rússia, o segundo maior vendedor de armas do mundo. Entre 2009 e 2013, os números de vendas de armas americanas eram 12% maiores do que as dos russos. De acordo com o relatório do Sipri, entre 2014 e 2018, essa diferença alcançou 75%.

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O Oriente Médio é o principal destino das armas. A região registrou um aumento das compras, enquanto foi identificada uma redução em outras partes do mundo se comparado o volume registrado nos períodos 2009-2013 e 2014-2018.

“Por décadas, os Estados Unidos têm sido o principal exportador de armas do mundo. É impressionante como a diferença em relação aos outros países tem ficado cada vez mais notável”, disse à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC News, Aude Fleurant, que é diretora do programa de gastos militares e armas do Sipri.

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Os Estados Unidos respondem por 36% das exportações mundiais, enquanto a França vende 6,8%, a Alemanha contribuiu com 6,4% e a China com 5,2% neste lucrativo mercado. Americanos, franceses e alemães aumentaram suas vendas se comparados os períodos 2009-2013 e 2014-2018. A Rússia, por sua vez, viu suas exportações despencarem 17%.

Por que a venda de armas caiu na Rússia?

Aude Fleurant, diretora do Sipri, explica que Índia e Venezuela, principais clientes dos russos, cancelaram compras.

A Índia foi buscar armamentos em outros mercados, e a Venezuela sentiu o impacto da crise econômica e política no país e reduziu drasticamente a aquisição de armas.

Aeronave desenhada pelos soviéticos chegou à Venezuela no ano passado — Foto: AFP
Aeronave desenhada pelos soviéticos chegou à Venezuela no ano passado (Fotos: Reprodução)

De acordo com o relatório do Sipri, a Venezuela foi o maior importador de armas da América Latina entre 2009 e 2013. Mas as aquisições do país caíram 83% nos cinco anos subsequentes.

“A Venezuela foi por anos um cliente muito importante da Rússia, um dos poucos compradores das armas russas na América Latina. Agora, com a crise econômica, a hiperinflação, e a situação política, muitos contratos foram postergados ou cancelados. Isso tem influenciado de forma negativa as exportações de armas russas”, avalia Fleurant.

A Rússia, depois da China, é o segundo parceiro comercial e credor da Venezuela. Entre 2005 e 2013, os governos de Caracas e Moscou firmaram mais de 30 contratos na área de defesa orçados em aproximadamente US$ 11 bilhões (cerca de R$ 42,3 bilhões).

Em dezembro passado, chegaram à Venezuela dois Tupolev 160, o “Cisne Branco”, um bombardeiro estratégico supersônico desenhado por soviéticos e um grupo de pilotos de treinamento.

Ainda assim, segundo Fleurant, apesar das aquisições recentes e de algumas doações de armas, os níveis de compras caíram drasticamente na Venezuela e impactaram negativamente o mercado de armas russo.

Por que os EUA são os maiores vendedores de armas?

Os Estados Unidos lideram há anos o mercado mundial de venda de armas, apesar de oferecer produtos muitas vezes mais caros.

Fleurant diz que o êxito está relacionado a uma estratégia complexa de vendas, que inclui capacitação, treinamento e garantia de segurança, além de apoio em caso de conflitos.

Por isso muitos países preferem comprar equipamentos americanos, apesar de China e Rússia, por exemplo, oferecerem produtos mais baratos.

Caças F-35 estão na lista de armamentos mais vendidos — Foto: AFP
Caças F-35 estão na lista de armamentos mais vendidos (Foto: Divulgação)

Para a diretora do Sipri, há ainda questões geopolíticas em jogo. Países que apoiam bloqueios regionais, como as sanções impostas pela Otan, preferem comprar equipamentos e tecnologias de nações aliadas e não de países que se colocam como inimigos em potencial, como a Rússia.

“Há também o fato de ser estratégico nessas alianças regionais ter uma tecnologia comum a todos os países”, acrescenta Fleurant.

No governo do presidente americano Barack Obama, Prêmio Nobel da Paz em 2009, a Casa Branca implantou uma ampla manobra para promover a assinatura de acordos internacionais sobre armas, que, segundo o Centro de Estudos sobre Políticas Internacionais, foi o maior da história após a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

No ano passado, em uma entrevista à rede de televisão americana CNN, o senador republicano Marco Rubio considerou que, por trás dessa estratégia de venda de armas, há a possibilidade de influência em conflitos potenciais.

“As vendas de armamentos são importantes não apenas pelo dinheiro, mas também porque proporcionam influência sobre comportamentos futuros. Armas precisam de nossas peças sobressalentes, nosso treinamento… e essas são coisas que podemos usar para influenciar comportamentos”, disse o senador.

A China, por exemplo, vem expandindo seu mercado consumidor e, por extensão, sua influência. Entre 2004 e 2008, eram 32 países importadores. Nos quadriênios seguintes, passou a 41 e depois a 53 compradores.

Que tipo de armas são as mais vendidas?

São diversos os tipos de armamentos complexos que dominam o mercado internacional de compra e venda. Entre 2014 e 2018, os mais vendidos foram:

  • Caças F-35, aviões de combate de quinta geração
  • Mísseis
  • Sistemas antimísseis
  • Helicópteros

Quem mais compra armas?

O relatório do Sipri indica que países da Ásia e da Oceania (entre eles Índia, Austrália, China, Coreia do Sul e Vietnã como os principais compradores regionais) receberam 40% do total das importações mundiais de armas entre 2014 e 2018.

Os países do Oriente Médio representaram 35% do total global nesse período.

A Arábia Saudita é o principal comprador global de armas. Comprou 12% do total de armas vendidas entre 2014 e 2018, ante 4,4% no quinquênio anterior. Os Estados Unidos são o principal fornecedor de armas para os sauditas.

Não se sabe, contudo, se essa parceria será afetada pela morte de Jamal Khashoggi, jornalista saudita que trabalhava no jornal americano Washington Post e que foi assassinado em um consulado da Arábia Saudita na Turquia. Há ainda alegações de supostos crimes de guerra cometidos pela aviação do país árabe no conflito do Iêmen.

Trump defendeu a venda de armas à Arábia Saudita mesmo depois do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, morto no consulado saudita na Turquia — Foto: Getty Images
Trump defendeu a venda de armas à Arábia Saudita mesmo depois do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, morto no consulado saudita na Turquia (Foto: Reprodução)

Trump, que escolheu as terras sauditas como seu primeiro destino para uma visita externa como chefe de Estado, recusou-se a impor sanções por causa da morte de Khashoggi, alegando que tal decisão poderia significar que a Arábia Saudita se abriria ao mercado de armas da Rússia ou da China.

Fleurant explica que nos países do Golfo as armas dos Estados Unidos assim como as de países europeus, a exemplo de França e Reino Unido, também desfrutam de maior popularidade.

O segundo maior comprador é a Índia, mesmo tendo reduzido as importações de armas nos últimos cinco anos analisados na pesquisa.

Na América Latina, o México, a América Central e países caribenhos compraram 49% mais armas nos últimos cinco anos analisados. Na América do Sul, por sua vez, as aquisições caíram em 51% de acordo com os dados coletados pelo Sipri.

O Brasil foi responsável por 27% das compras de armas na América do Sul no período analisado, apesar de ter comprado 28% menos que no quinquênio anterior. O país ocupa a 23ª posição entre os exportadores e a 35ª entre os importadores.

Fonte: BBC

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