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Reintroduzir um animal silvestre na natureza não é uma tarefa tão simples quanto se imagina. Além de exigir que o bicho esteja em condições de viver na selva, esta ação demanda muito estudo, cuidado e dedicação de pesquisadores.
Um grande exemplo disso é o caso das duas irmãs de onças-pintadas Pandhora e Vivara, que passaram por um processo de reabilitação de dois anos, para finalmente retornarem ao verdadeiro lar: a floresta Amazônica.
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As fêmeas foram resgatadas com menos de 20 dias de vida, receberam os primeiro cuidados e lições em recintos da Fazenda Preto Velho, a 80 quilômetros de Brasília, e com um ano e oito meses foram transferidas a uma área de floresta de 10 mil metros quadrados no Sul do Pará. Foi neste último ambiente que elas seguiram os instintos e reaprenderam a ser selvagens.
“Este recinto na floresta foi criado especialmente para elas, a diferença é que nesta última fase, além delas já estarem no ambiente natural, elas não tiveram contato com humanos. E foi uma etapa muito importante, pois elas aprenderam a caçar e se viraram sozinhas”, explica Mario Haberfeld, fundador do projeto Onçafari.
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Após um ano de reabilitação em um ambiente restrito no meio da floresta, as onças já estavam prontas para ganhar a liberdade e explorar definitivamente a selva. O local de soltura foi escolhido a dedo pelos pesquisadores.
“Elas foram soltas na Serra do Cachimbo, às margens do Rio São Benedito, em uma área restrita da Força Aérea Brasileira (FAB), e é considerado um dos lugares mais preservados de floresta nesta região. A nossa equipe monitora o local e nós sabemos que lá elas vão ter uma boa oferta de presas”, explica Mario.
As mais novas rainhas da floresta ganharam um território imenso para explorar: são mais de 22 mil quilômetros quadrados de mata protegida, onde ninguém tem acesso.
As duas estão com colares de monitoramento e, graças a esta tecnologia, os pesquisadores conseguem rastrear os caminhos que elas estão traçando.
“O colar tem uma durabilidade de mais ou menos um ano. Nós acompanhamos quase que diariamente os sinais que eles emitem, mas encontrá-las em campo é uma tarefa um pouco mais difícil, pois o bioma é muito fechado”, diz o pesquisador.
As fêmeas foram soltas juntas, mas permaneceram unidas apenas no primeiro dia de liberdade. Em seguida se separaram. Dados coletados pelos pesquisadores mostram que as duas estão se adaptando bem ao ambiente natural. No primeiro mês já percorreram 240 quilômetros na mata.
O trabalho foi pioneiro. Essas “ferinhas” foram as primeiras onças-pintadas criadas em cativeiro a serem soltas na Floresta Amazônica, mas os desafios continuam e as expectativas são grandes.
“O sucesso da operação será certeiro se a Vivara e a Pandhora conseguirem reproduzir em ambiente natural. A ideia é que a gente possa realizar este mesmo processo em biomas como a Mata Atlântica, onde este felino está criticamente ameaçado”, finaliza Mario.
Mais de vinte pessoas participaram desta força tarefa em prol da vida das duas onças. À frente desta jornada estão membros do Projeto Onçafari, Instituto NEX, Força Aérea Brasileira, CENAP-ICMbio, Log Nature, Pousada Thaimaçu e Onças do Rio Negro.
Fonte: G1