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Três resgates de animais silvestres no Pantanal na última semana, de duas onças-pintadas e uma anta, alertam para o avanço do fogo sobre espécies ameaçadas no bioma, que enfrenta sua pior seca em 70 anos.
O Ibama resgatou na quinta-feira (15) uma onça acuada pelas chamas em uma fazenda no município de Miranda (MS).
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O animal teve as quatro patas queimadas, que receberam curativos. Em imagens divulgadas, é possível ver o felino caminhando com dificuldade no centro de reabilitação onde está sendo tratado.
O tratamento dos ferimentos começou ainda próximo ao local de resgate. A onça foi transportada na mesma tarde para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), em Campo Grande, onde deve ser reabilitada para voltar à natureza.
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Uma segunda onça-pintada foi resgatada em estado crítico, com queimaduras de segundo grau nas patas e comprometimento pulmonar, neste fim de semana, também em Miranda (MS). Segundo o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), a onça batizada de Antã, foi encontrada no sábado (17). A expectativa é de recuperação do animal, que atualmente acompanha a primeira onça resgatada.
Na quinta-passada (15), no município de Barão de Melgaço (MT), na porção norte do Pantanal, uma anta foi socorrida pela organização Ampara Animal, que atua em resgates na região. Assim como a onça-pintada, o animal também tinha queimaduras severas nas patas e foi avistado mancando quando o resgate foi acionado.
Dado o porte da anta, o transporte desde a Reserva São Francisco do Perigara, onde o animal foi atendido, até o centro de reabilitação da Ampara Animal na rodovia Transpantaneira (MT-060), foi feito por um helicóptero do Exército.
Segundo informações dos veterinários no atendimento, ainda não é possível afirmar que a anta poderá ser devolvida à natureza. O animal, uma fêmea, foi batizada de acuri, nome de uma fruta típica da região.
As condições climáticas extremas no Pantanal e na Amazônia em 2024, de seca, calor e ventos fortes, elevam o perigo de fogo ao patamar mais alto em 44 anos, de acordo com informações do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ).
O índice DSR, usado para avaliar essa situação de risco, é até este mês de agosto o maior desde quando o grupo de pesquisa iniciou seu monitoramento, em 1980, na comparação do mesmo período em anos anteriores, para ambos os biomas. Atuar na prevenção, em vez do combate ao fogo, é o melhor caminho, segundo os pesquisadores.
Segundo nota técnica publicada esta semana pelos especialistas da UFRJ, o regime de seca nos últimos 12 meses no Pantanal, aliado a altas temperaturas, levou ao “elevado acúmulo de material combustível” em toda a região. Quando rios secam, o leito exposto revela matéria orgânica inflamável, restos de árvores e plantas aquáticas que, junto à vegetação seca e a turfa, servem de lenha para incêndios florestais.
Fonte: Um Só Planeta