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Uma onça-pintada que estava sendo monitorada por um projeto ambiental foi encontrada morta com mais de 50 perfurações de chumbo de espingarda em um córrego na divisa entre Guapiara e Capão Bonito, no interior de São Paulo.
Segundo pesquisadores, o animal conhecido como “Máscara” era um dos seis acompanhados pela equipe e era fundamental para a sobrevivência da espécie na região conhecida como Contínuo de Paranapiacaba.
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O pesquisador Thiago Borges Conforti, da Fundação Florestal, e gestor do Parque Estadual Intervales contou ao G1 que a área é uma das três últimas onde existem populações de onças que ainda podem sobreviver por um longo período.
Através do projeto coordenado pela analista ambiental Beatriz de Mello Beisiegel, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Thiago e outros pesquisadores pretendem refazer a estimativa populacional das onças no Contínuo de Paranapiacaba.
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“O projeto já tem mais de 20 anos de existência e hoje se sabe que existem menos de 20 indivíduos de onça-pintada na Serra de Paranapiacaba. Agora resta menos um”, lamenta o pesquisador.
De acordo com Thiago, a onça foi encontrada morta no dia 5 de julho às margens da Rodovia Penteado de Camargo (SP-250). A suspeita é de que ela tenha sido morta na área rural e transportada de veículo até a ponte na rodovia, de onde foi jogada para o córrego.
“Máscara foi morto por sucessivas ações de caçadores do meio rural. A primeira impressão é que foi morto por atacar criações domésticas. Porém, essa pode ser uma impressão enganosa. É mais provável que tenha passado a atacar criações domésticas por já estar com a locomoção prejudicada devido a um tiro”, conta Thiago.
Apoio do projeto
Conforme observado pelos pesquisadores através das “armadilhas fotográficas”, câmeras escondidas na mata, Máscara estava com um ferimento na pata direita e andava mancando. Por causa disso, estaria caçando presas “mais fáceis” e incomodando fazendeiros.
“Quando um bicho fica prejudicado e não consegue mais caçar presas naturais por estar machucado, ele começa a caçar o que está mais fácil. Então, ele estava comendo patos e galinhas nas casas do entorno”, explica a pesquisadora Beatriz.
Por causa disso, a coordenadora do projeto informou que vinha trabalhando com os proprietários rurais para afastar o animal das suas criações sem que houvesse conflito. Os moradores receberam equipamentos como luzes automáticas, buzinas de propano e cercas elétricas.
Além disso, os pesquisadores estavam se organizando para fazer a captura e o tratamento da onça, devido ao estado de saúde dela.
“As providências para contratação estavam sendo tomadas e, no dia de aprovação dos orçamentos para captura, alguém cruzou o seu caminho antes da equipe do projeto. Um assassinato covarde em um momento que o animal estava prestes a ser resgatado e tratado”, conta Thiago.
“Alguém que não avisou a gente sobre o problema simplesmente resolveu assassinar esse bicho, adulto, bem de saúde. Se a gente tem seis bichos na região, ainda existe a possibilidade da onça-pintada sobreviver a longo prazo. Ele era fundamental para a espécie sobreviver”, concorda Beatriz.
Consequências
Os pesquisadores contaram também que Máscara viveu por pelo menos oito anos antes de ser morto, e a necropsia apontou que ele era um animal saudável, exceto pelos tiros e suas consequências.
“Por vários anos ainda continuaria encantando as matas do Contínuo de Paranapiacaba, ajudando a controlar e manter saudáveis as populações de antas, queixadas, catetos e veados dessa área e contribuindo para a preservação da nossa floresta, com suas águas e seus atrativos turísticos.”
Segundo Thiago, as onças são extremamente necessárias para a conservação da Mata Atlântica porque são predadores de topo nos ecossistemas terrestres, atuando no equilíbrio dos ambientes. Além disso, elas são um dos grandes atrativos turísticos para os visitantes do Parque Intervales, Petar e Carlos Botelho.
De acordo com Beatriz, a Polícia Federal foi acionada depois da morte da onça-pintada e vai investigar o crime ambiental. Segundo a PF, as investigações estão em andamento e a pessoa que matou a onça não tinha sido identificada até esta quinta-feira (15).
Em nota, a Fundação Florestal, que é o órgão do estado de São Paulo responsável pelo gerenciamento das Áreas Protegidas Estaduais, informou que todas as áreas têm programas de fiscalização ambiental que fazem intermediação com moradores rurais com problemas de predação de animais domésticos.
Segundo o órgão, a orientação é que as equipes locais das Áreas Protegidas sejam procuradas o mais cedo possível quando detectado esse tipo de problema. “O diálogo certamente evita assassinatos desnecessários como esse”, opina a fundação.
Fonte: G1 – Foto: Fundação Florestal/Divulgação