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Relatório divulgado pela OMM (Organização Meteorológica Mundial) nesta terça-feira (27) aponta que, até o final da década, as temperaturas médias globais devem permanecer em níveis recordes ou próximos a isso, a exemplo dos últimos anos.
Prevê-se que a temperatura média global em cada ano até o fim de 2029 fique entre 1,2°C e 1,9°C acima da média dos anos de 1850 a 1900, a chamada era pré-industrial. Este período é usado como referência de um clima anterior à queima intensa de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, pelas atividades econômicas humanas.
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Para o estudo global, foram mobilizados 220 profissionais de 14 institutos científicos diferentes, ressalta a OMM, incluindo quatro centros de pesquisa de nível mundial: Centro de Supercomputadores de Barcelona (Espanha); Centro Canadense de Modelagem e Análise Climática; Deutscher Wetterdienst (serviço alemão de meteorologia); e o Met Office (serviço britânico).

Calorão à vista
A agência ligada à ONU (Organização das Nações Unidas) calcula uma chance de 86% para que ao menos um ano se aproxime ao recorde do ano passado, o primeiro com média de temperaturas acima do limiar de 1,5ºC, considerado pela comunidade científica o limite seguro para a sociedade em meio aos eventos extremos da mudança climática, como secas e chuvas intensas.
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Um novo recorde não é descartado e tem probabilidade alta, de 80%. Já o rompimento da barreira dos 2ºC de aquecimento ainda é considerado algo remoto, com 1% de chance de acontecer até 2029, afirma o documento da OMM. O aquecimento a longo prazo também permanece abaixo de 1,5°C, por ora, segundo projeções.
Dados da organização apontam que a década 2015-2024 trouxe consigo os dez anos mais quentes já registrados, principalmente devido à concentração atmosférica de dióxido de carbono (CO2), que registra o nível mais alto em 800 mil anos, período em que a humanidade quase foi extinta devido a alterações no clima de então, segundo estudos científicos.
El Niño e La Niña
Até o final da década, os períodos do fenômeno ENSO, que se alterna entre El Niño e La Niña nos trópicos, devem se manter em condições principalmente neutras, afirma o documento. Em ocasiões de influência intensa, estas manifestações climáticas podem “turbinar” secas e grandes acumulados de chuva, como ocorrido respectivamente com Amazônia e Rio Grande do Sul em 2023 e 2024, um período de El Niño.
Contudo, os padrões de precipitação previstos para maio a setembro, época que incide sobre o verão amazônico, apontam “condições anormalmente secas para esta estação na Amazônia”, afirma o relatório.
Verão brasileiro
Para a média de novembro a março, época de temperaturas mais altas no Brasil e todo Hemisfério Sul, previsões da OMM mostram que anomalias quentes são “prováveis em quase todos os lugares”, com as temperaturas terrestres apresentando anomalias maiores do que as do oceano.
Este ano começou com uma amostra do que anomalias quentes podem fazer. Em 2025, a humanidade presenciou o janeiro mais quente já registrado, com média 1,75ºC acima da era pré-industrial. No Brasil, as ondas de calor foram uma preocupação que se alongou até o Carnaval.
Previsão similar ocorre também para os períodos de verão no Hemisfério Norte até 2029, aponta a OMM.
Ártico segue fustigado pelo calor
Nos próximos cinco invernos prolongados do Polo Norte do planeta (novembro a março), o aumento das temperaturas em relação à média 1991-2020) deve ficar em 2,4°C, mais de três vezes e meia acima da anomalia na temperatura média global, destaca a OMM. Se concretizada, a situação até o fim da década deve aumentar a pressão sobre o continente, que já vem sendo arduamente afetado pela mudança climática.
Previsões de extensão do gelo marinho do Ártico, continente formado por um oceano congelado, sugerem novas reduções no Mar de Barents, Mar de Bering e Mar de Okhotsk.
Fonte: Um Só Planeta