23 de setembro, 2024

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Nova lei espanhola para ampliar casos enquadrados em violência sexual é usada para diminuir pena de condenados; entenda

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Uma lei que entrou em vigor na Espanha no mês passado fez com que o número de pedidos de redução de pena de estupradores disparasse no país.

O projeto é conhecido como a lei “Só sim é sim”, e sua intenção, contraditoriamente, era ampliar a abrangência do crime de violência sexual —todos os atos sexuais não consensuais passaram a ser considerados violência, mas, ao mesmo tempo, as penas para alguns crimes sexuais ficaram mais brandas (leia mais abaixo).

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Com isso, pelo menos 11 pessoas condenadas por crimes sexuais tiveram as penas diminuídas, e 5 foram liberadas da prisão, segundo a agência de notícias Europa Press.

Milhares de pessoas participam de marcha na Espanha contra polêmica sentença de estupro coletivo (Foto: Reprodução)

Abuso e agressão sexual

A “Só sim é sim” aboliu a diferença entre “abuso” e “agressão sexual” na legislação espanhola. Antes, considerava-se crime de “abuso sexual” a prática que atentasse contra “liberdade sexual de uma pessoa, sem o consentimento da vítima e sem uso de violência, força ou intimidação”.

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Já a agressão sexual ou estupro era considerado o acesso ao corpo de outra pessoa para “atividade explicitamente sexual, sem consentimento e com violência”. Sua forma mais grave é com penetração, mas não é a única.

A nova lei se baseia na ideia de que crimes sexuais devem ser tipificados com base no consentimento da vítima e não em outros elementos. Assim, todos os crimes de natureza sexual, independentemente de haver ou não violência, passaram a ser “agressões sexuais”.

Acontece que ao fazer essa mudança, as penas também foram modificadas, e algumas delas reduzidas, sem que fosse incluída uma disposição limitando a revisão das penas de quem havia sido condenado antes da nova regulamentação.

Os espanhóis criticam o texto da lei, que teria sido mal redigido, permitindo que os advogados de defesa consigam diminuir a pena de seus clientes.

O governo e juízes têm discutido por causa do texto da lei.

O Conselho Geral do Judiciário (órgão que determina diretrizes que os juízes devem seguir) disse na quarta-feira que o texto obriga os magistrados a aplicar a pena mais curta possível mesmo aos criminosos que já foram condenados.

A ministra da Igualdade, Irene Montero, insinuou que os juízes, de forma equivocada, não estão reforçando a lei em um momento de transição, e pediu para que a Justiça estabeleça diretrizes para que os juízes apliquem a lei corretamente.

A oposição pediu para que o governo reveja a lei e também pede a demissão de Montero.

Caso famoso

Um caso de estupro coletivo que ocorreu em 2016 e ficou famoso na Espanha pode ter desdobramentos com essa nova lei.

Cinco homens foram condenados por terem estuprado uma vítima de 18 anos durante o festival de San Fermín, em Pamplona.

O grupo ficou conhecido por “La Manada”.

O advogado Agustín Martinez afirmou que pretende fazer um pedido com base na nova lei para reduzir a pena de 15 anos de um de seus clientes que foi condenado pelo caso.

Fonte: Yahoo!

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