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A interminável crise financeira que o Brasil atravessa afeta diretamente o comércio e em Botucatu o cenário não é diferente. Os números da inadimplência chegam a assustar.
De acordo com informações da ACE/DCL (Associação Comercial e Empresarial / Câmara de Dirigentes Lojistas), em cinco anos o prejuízo das lojas do comércio em função de inadimplência dos consumidores chega a quase R$ 7 milhões. E o mais alarmante que esse levantamento é apenas em relação aos associados da ACE/CDL, cerca de 500 lojistas.
Desta forma, certamente o número será muito maior se fosse possível fazer um levantamento geral, em relação a todas as lojas do comércio de Botucatu.
Em média, cada uma das 500 lojas teve um prejuízo de R$ 14 mil nos últimos 5 anos, R$ 2,8 mil por ano, cada, em função de cheques sem fundos e não pagamento de boletos ou crediários.
Esse, certamente, é o principal motivo que fez a maioria das lojas aceitar apenas pagamento em dinheiro ou cartão.
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A reportagem do Leia Notícias entrou em contato com a presidente do Sincomercio de Botucatu e Região, Fátima Baldini, e questionou sobre essa situação. “Infelizmente não possuímos dados referente ao endividamento mensurado pelo SCPC local, porém cremos totalmente na veracidade dos números divulgados pela ACE/CDL. É muito preocupante este grave cenário que aflige o setor varejista em geral no País. Este é um dos piores momentos dos últimos anos”, respondeu.
A presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Botucatu e Região ainda apresentou outros números sobre o endividamento e inadimplência das famílias. “Salientamos que nos últimos cinco anos, as pesquisas da FecomercioSP sobre endividamento e inadimplência das famílias mostraram que a proporção de famílias endividadas avançou praticamente 10 pontos percentuais, estando atualmente próximo aos 50% do total.
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O cenário é mais grave quando se constata que também houve aumento da proporção de famílias que possuem débitos atrasados e dos que declaram que possuem débitos atrasados e que não poderão honrá-los. Respectivamente, nestes dois segmentos, nos últimos cinco anos evoluiu-se de 10,5% para 16,9% das famílias e 3,1% para 7,4%, daqueles que já garantem o calote. Estes são dados de todo o Estado de São Paulo, mesmo que seja mais grave em uma região do que em outra. Isto tudo demonstra a nossa realidade”, lamenta.
O Sincomercio orienta aos empresários como conviver com este cenário de cinco anos de avanço de endividamento e inadimplência, e com a necessidade diária de dirimir riscos de se efetuar uma venda e não receber pela mesma. “Essa situação em escala causa fechamentos reais de estabelecimentos. É preciso ter um bom cadastro de clientes, observar histórico, priorizar negociações à vista, que seja bom para ambos os lados, e se utilizar das plataformas de cartões. Essas podem ser importantes ferramentas neste período tão conturbado de nossa economia”, explica Fátima Baldini.
A situação do consumidor também é preocupante. Diante deste quadro, a única saída é tentar diminuir a proporção de dívidas em relação ao orçamento familiar, para manter bom respiro frente às possíveis emergências. “Para os inadimplentes, muitos já inseridos no cadastro do SCPC, a única saída é buscar renegociações mais benéficas e de acordo com sua capacidade mensal de pagamento e priorizar débitos com maiores juros embutidos, como rotativo do cartão de crédito e cheque especial. Afinal de contas, o comércio varejista vive em função do agrado aos consumidores e torce para que haja reação no mercado, com queda maior nas taxas de juros e aumento das linhas de crédito e dos investimentos”, aponta o Sincomercio.
A presidente do sindicato, apesar do cenário atual, crê que tudo possa melhorar. “Temos fé que vamos superar estes tempos difíceis e apostamos no crescimento e desenvolvimento de nosso País. Aprendemos muito com esta crise. A luta diária para manter as portas abertas fortaleceu e amadureceu o empresariado brasileiro de todos os portes. Isto tudo provoca grandes mudanças na sociedade, necessidade de adequação aos tempos de crise, cortes nos excessos dos tributos e das leis. As reformas são necessárias e a Reforma Trabalhista é uma urgência, estamos lutando para desburocratizar e agilizar a relação de emprego, senão daqui a pouco ficará muito complicado empregar. Sem emprego cresce a inadimplência. Tudo está conectado”, finaliza Fátima Baldini.
Jornal Leia Notícias