Norte magnético da Terra se desloca em ritmo inesperado e intriga cientistas

Cientistas têm notado uma variação no campo magnético da Terra que os está deixando intrigados. Nos últimos anos, o polo norte magnético do planeta acelerou seu deslocamento em direção à Sibéria, gerando efeitos que são sentidos por indústrias que precisam de orientação precisa para conduzir seus negócios – como a aviação.

Conforme aponta a The Smithsonian Mag, o polo norte magnético é diferente do polo norte geográfico, um ponto fixo na superfície terrestre exatamente sobre o fim do eixo norte-sul. O norte magnético é um local onde as linhas do campo magnético do planeta convergem, e que muda de lugar com o tempo.

Este campo é gerado pela agitação do núcleo externo do planeta, uma camada de ferro fundido e níquel que começa aproximadamente 12,9 mil quilômetros abaixo da superfície da Terra. À medida que a dinâmica dos fluidos do núcleo muda, o polo magnético se desloca ao longo do tempo, em um processo conduzido por um mecanismo conhecido como geodínamo.

Agora, algo incomum parece estar acontecendo neste funcionamento do geodínamo. “O comportamento atual do norte magnético é algo que nunca observamos antes”, diz William Brown, um modelador global de campo geomagnético do British Geological Survey.

Desde que foi descoberto pela primeira vez em 1831 pelo explorador James Clark Ross, o polo norte magnético mudou gradualmente. Ao longo do último século, seu movimento do Canadá em direção à Rússia acelerou, aumentando de cerca de 10 quilômetros por ano para um pico de 50 na década de 2000. Nos últimos cinco anos, a taxa de movimento diminuiu para cerca de 35 quilômetros por ano, a “maior desaceleração na velocidade que já vimos”, acrescenta Brown.

Cientistas britânicos e americanos rastreiam esse movimento ao longo do tempo. A cada cinco anos, eles lançam uma nova edição do Modelo Magnético Mundial (World Magnetic Model – WMM), uma ferramenta usada por sistemas de GPS e dispositivos de navegação que mapeia o polo magnético norte. Na última revisão, lançada em dezembro, sua localização está mais próxima da Sibéria do que há cinco anos.

Para indústrias dependentes de campos magnéticos, como aviação e navegação, esse movimento tem efeitos práticos. Sistemas de GPS, aviões e equipamentos militares contam com modelos precisos do norte magnético para funcionar corretamente. Quando o campo magnético muda, os modelos devem ser atualizados para refletir as mudanças. Em 2019, os cientistas lançaram o WMM um ano antes, porque o polo magnético estava se movendo muito mais rápido do que o normal.

Cientistas dizem que se você tentasse viajar o percurso de 8,5 mil quilômetros da África do Sul até o Reino Unido em linha reta usando o antigo WMM, acabaria se desviando do curso em 150 quilômetros.

Enfraquecimento do campo magnético terrestre

Os cientistas ainda não sabem ao certo por que a velocidade do polo norte magnético mudou tão drasticamente. Alguns pesquisadores acreditam que mudanças na força do campo magnético perto do Canadá e da Sibéria podem estar influenciando a mudança.

Ciarán Beggan, geofísico do British Geological Survey, diz que a força geral do campo magnético da Terra vem diminuindo nos últimos dois séculos, mas não uniformemente. O campo está ficando mais fraco no Canadá, mas mais forte ao redor da Sibéria, e “isso puxa o polo magnético em direção à Sibéria”, Beggan disse ao Washington Post.

Nos últimos dois séculos, o campo enfraqueceu em cerca de 9%, de acordo com o jornal americano. Geofísicos há muito especulam que o enfraquecimento do campo magnético pode sinalizar uma potencial reversão geomagnética, na qual os polos magnéticos norte e sul do planeta trocam de lugar. Esse fenômeno aconteceu pela última vez há cerca de 780 mil anos.

Fonte: Um Só Planeta