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O navio humanitário “Ocean Viking” atracou nesta sexta-feira (11) no porto militar de Toulon, no sul da França, com 230 migrantes resgatados no Mediterrâneo, em frente à costa da Líbia.
Depois de três semanas no mar, em uma busca sem sucesso por um porto seguro na Itália, o “Ocean Viking” chegou ao cais na França por volta das 8h50 (4h50 de Brasília) e “seus passageiros começaram a desembarcar”, declarou o prefeito da região, Evento Richard.
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Este é o primeiro desembarque na França de um navio de resgate que ajuda migrantes no Mediterrâneo, após um confronto diplomático com a Itália, que se recusou a abrir seus portos.
“Há muita emoção a bordo, todos estão muito, muito cansados, mas aliviados por chegar à terra. É o fim de uma provação”, comentou à AFP Laurence Bondard, da ONG SOS Méditerranée, que opera o navio.
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O “Ocean Viking” inicialmente procurou atracar na costa italiana, a mais próxima do local onde os migrantes foram resgatados. A Itália, porém, recusou, argumentando que outros países deveriam assumir mais responsabilidades para receber migrantes que tentam chegar à Europa a partir do norte da África a cada ano.
“É um caso excepcional (…) levando em consideração os 15 dias de espera no mar que as autoridades italianas fizeram os passageiros sofrerem”, afirmou, na quinta-feira, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin.
O ministro criticou o comportamento “incompreensível” e contrário ao “direito internacional” da Itália, liderada por um governo de extrema-direita, e alertou que haverá “consequências” nas relações bilaterais.
Por sua vez, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, denunciou uma reação francesa “agressiva, incompreensível e injustificável”, recordando que seu país acolheu este ano quase 90.000 migrantes, enquanto os países europeus que haviam se comprometidos a assumir 8.000 pessoas, receberam apenas 117.
Zona de espera internacional
A porta-voz da SOS Méditerranée, Meryl Sotty, disse à AFP que um médico subiu a bordo antes do navio atracar para identificar os passageiros mais vulneráveis para o desembarque prioritário, seguidos por crianças, mulheres e famílias.
Os migrantes, incluindo 57 crianças, serão levados para uma área de espera internacional para aguardar o processamento de seus pedidos de asilo.
“Aqueles que não obtiverem asilo serão transferidos diretamente da sala de espera para seu país de origem”, disse Darmanin.
Um jornalista da AFP observou a entrada de ônibus militares no porto para transportar os migrantes.
Nove países europeus vão receber dois terços dos imigrantes, segundo Darmanin, com o terço restante permanecendo na França.
A Alemanha vai receber “mais de 80”, enquanto a Croácia, Romênia, Bulgária, Lituânia, Malta, Portugal, Luxemburgo e Irlanda vão contribuir em nome da “solidariedade europeia”, detalhou.
Em retaliação à posição da Itália, a França suspendeu um plano para hospedar 3.500 refugiados atualmente na Itália, como parte de um acordo europeu de compartilhamento de migrantes, e instou a Alemanha e outros países da União Europeia (UE) a fazerem o mesmo.
Controles reforçados
A polícia francesa anunciou nesta sexta-feira que reforçou os controles em várias passagens de fronteira com a Itália.
A França considera que, com base no direito marítimo internacional, a Itália deve receber o “Ocean Viking”.
Mas o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, disse esta semana que estava enviando um sinal para os países da UE de que deveriam ajudar mais a Itália na questão da recepção de imigrantes.
De acordo com o direito internacional, os navios em perigo ou com pessoas resgatadas devem poder atracar no porto mais próximo. Isso implica que a Itália e Malta são as terras de desembarque para a maioria dos migrantes que partem da Líbia.
Em junho, uma dúzia de países europeus, incluindo a França, concordou em aceitar a entrada de imigrantes pela Itália e outros países.
Para Tajani, a relutância de Roma tem como objetivo pressionar a UE a ter um papel mais ativo.
Ele deseja “um acordo para estabelecer, com base na população (de cada país), como realocar os migrantes com direito a asilo”.
Desde o início do ano, apenas 164 foram transferidos da Itália para outros países, o que Roma considera insuficiente. Desde 1º de janeiro, mais de 88.000 pessoas chegaram às suas costas.
Fonte: Yahoo!